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Fundo Elliott a caminho de perder primeira ronda da guerra na Hyundai
O terceiro maior fundo de pensões do mundo bateu o pé ao “fundo abutre”, que também entrou no capital da EDP. A distribuição de dividendos e a nomeação de gestores para o “board” da Hyundai estão na base da guerra.
O Elliott, conhecido como fundo abutre, poderá estar prestes a perder a batalha que encetou na Hyundai pelo aumento do pagamento de dividendos e para ter lugar no "board" da multinacional sul-coreana. Isto porque o fundo de pensões da Coreia do Sul, o terceiro maior fundo do mundo e o segundo maior acionista da Hyundai, decidiu bater o pé e não só se prepara para votar contra a proposta na próxima semana, como já conseguiu o apoio da maior acionista (Hyundai Mobis), segundo o Financial Times.
O fundo norte-americano quer que a empresa distribua dividendos extra de cerca de 6,2 mil milhões de dólares, mas estes dois acionistas da Hyundai - com 8,7% no caso do fundo de pensões e 9,45% da Hyundai Mobis - consideram que esta decisão prejudicaria os investimentos de longo prazo da empresa em tecnologias emergentes. Diz que este montante é "excessivo" e que as nomeações de gestores prospostas pelo Elliott iriam causar conflitos. Por isso, decidiram elaborar uma proposta rival à da Elliott, que irá a votos na próxima sexta-feira.
O anúncio foi feito depois de a principal consultora do país, a KCGS, ter recomendado que os acionistas votassem contra o fundo americano, alegando que o Elliott aparenta concentrar-se no valor da Hyundai a curto prazo.
O fundo do investidor ativista Paul Singer, que recentemente também entrou no capital da EDP, é conhecido por maximizar os lucros dos investimentos que faz a curto prazo. E o "modus operandi" tem sido através de estratégias para a subida de preços em situações de ofertas públicas de aquisição (OPA), do incentivo à venda de ativos ou, até, alterando as administrações das empresas. Estratégias que costumam atrair a entrada de outros fundos, que olham para o Elliott como um farol para maximizar investimentos.
O fundo entrou no capital da empresa liderada por António Mexia em outubro de 2018 e recentemente aumentou a sua posição 2,29% para 2,9%. Um passo que foi dado praticamente ao mesmo tempo em que anunciou um plano dar um "novo impulso" à EDP, seguindo as linhas de atuação pelas quais é conhecido.
Na semana passada tomou uma posição pública contra a OPA da China Three Gorges (CTG) sobre a EDP. Além de achar que não tem pernas para andar devido aos obstáculos regulatórios, considera que este impasse não tem favorecido os "stakeholders" e é "um impedimento ao crescimento da EDP".
Para criar uma "nova" EDP e ajudar a elétrica a ultrapassar o impasse da OPA lançada pela CTG há 10 meses, defende que a empresa deve focar-se nas renováveis e vender a operação no Brasil e alguns ativos na Península Ibérica, como centrais térmicas e a rede de distribuição.
Propostas que não foram integradas na íntegra no plano estratégico apresentado esta terça-feira 12 de março, pela administração da EDP em Londres. O foco das renováveis e a venda de centrais térmicas em Portugal e Espanha integraram o documento, mas a venda da operação no Brasil e de parte das redes de distribuição ficaram de fora. E António Mexia garantiu que, neste momento, não fazem parte dos planos.
Até ao momento, o Elliot não reagiu à apresentação de António Mexia sobre o plano estratégico para a empresa até 2022.