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Francisco Calheiros: “Não sei se é possível” um comprador da TAP que abdique do controlo

Em entrevista ao Negócios e Antena 1, o presidente da Confederação do Turismo, Francisco Calheiros, manifesta dúvidas em que seja possível encontrar um comprador de uma posição da TAP que não seja de controlo.

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O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) não está certo que seja possível encontrar um comprador da TAP que invista numa posição minoritária na companhia, que não assegure a condução do destino da transportadora.

Em entrevista ao Negócios e Antena 1, Francisco Calheiros afirma que "É muito difícil a TAP manter-se orgulhosamente só. Tem que estar inserida numa plataforma de companhias aéreas. A companhia de bandeira espanhola está, a francesa está, a inglesa está, a alemã está, estão todas", constata.

O representante do setor turístico na Concertação Social desafia o país a imaginar-se no lugar de um potencial comprador. "Uma das questões interessantes quando estou a comprar uma companhia aérea é que tenho que captar todas as sinergias possíveis. Ora, se tenho um acionista de referência com uma quota suficientemente importante, é muito difícil manter essa autonomia", avisa, exemplificando: "Se calhar há grupos que ao comprar a TAP podem não manter a marca. Ora, se houver um acionista de peso, como é o Estado português, isso já não é possível".

"Não sei se é possível encontrar um comprador que queira desenvolver a TAP e que queira captar sinergias, e que consiga fazer isso com um acionista de peso, como é o caso do Estado português", alerta o presidente da CTP.

O CEO da Lufthansa esteve recentemente em Lisboa, onde reuniu com o Governo para manifestar o interesse da companhia alemã na transportadora portuguesa. Será que uma empresa com a dimensão da operadora germânica poderá estar disposta a investir prescindindo do controlo? "O tema é esse", replica Calheiros. "Nunca falei com eles, não percebo o que é que isto é. Um primeiro passo? Não sei", admite.

A proposta da Lufthansa, de um valor em torno de 200 milhões de euros por uma posição de 19,9% na TAP, avalia a transportadora aérea nacional em cerca de mil milhões. "Não faço ideia se é muito ou pouco", diz o líder da CTP, que insiste noutra ideia: "Não vamos estar a falar permanentemente dos 3,2 mil milhões que lá pusemos. Isso foi para pagar prejuízos. A valorização da empresa não tem a ver com o dinheiro que se lá pôs, tem a ver com o real valor que ela tem".

Pinto Luz "tem as ideias muito claras" e "não há problema" em que  conduza a privatização

Francisco Calheiros defende ainda a permanência do ministro das Infraestruturas na condução da privatização da TAP.

A oposição pediu o afastamento de Miguel Pinto Luz do dossier visto que o governante esteve envolvido na venda de 2015 que suscitou dúvidas aos auditores da Inspeção-Geral das Finanças, mas o representante do setor do turismo desvaloriza esse facto. "O que aconteceu na altura foi que ele limitou-se a assinar um contrato", diz, apontando que "o grande erro foi nacionalizar outra vez a TAP, isso nunca deveria ter acontecido".

"Esta privatização, como qualquer privatização de uma grande empresa, vai envolver avaliadores, escritórios de advogados e, portanto, não acho que haja qualquer... [dificuldade]. O Miguel Pinto Luz é uma pessoa muito decidida. Ele tem as ideias muito claras, acho que aí não há problema", atira.

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