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França aprova medida que permite ao governo bloquear aquisições estrangeiras
"Financial Times" diz que a medida é definida no país como "arma nuclear". Direito de veto já estava previsto na legislação, mas alarga-se agora a outras áreas. Surge numa altura em que a França discute as duas propostas para a aquisição do ramo energético da Alstom.
O governo francês aprovou na quarta-feira, 14 de Maio, um decreto que lhe confere novos poderes na possibilidade de bloquear aquisições de empresas do país por estrangeiros. A medida foi já publicada no Diário Oficial da República Francesa esta quinta-feira, 15 de Maio.
"A opção que fizemos, com o primeiro-ministro [Manuel Valls], é uma escolha de patriotismo económico. É uma medida de protecção dos interesses estratégicos de França", alinhando posições públicas e privadas, afirmou o ministro da Economia francês Arnaud Montebourg.
A medida surge numa altura em que o debate político em França se centra na eventual compra da Alstom pela General Electrics, após uma proposta da 12 mil milhões de euros. A concurso pela unidade de energia da empresa francesa está também a Siemens. O "Le Monde" diz mesmo que a aprovação do decreto foi acelerada pelo negócio em questão.
"A Alstom enquadra-se no âmbito deste decreto, tal como outras empresas estratégicas", rematou Montebourg, citado pelo "Financial Times". O ministro da economia francês já tinha assumido publicamente a sua posição crítica quanto à proposta da General Electrics no negócio, mostrando-se mais favorável à proposta da Siemens.
Montebourg estará mesmo a trabalhar directamente com a empresa alemã numa nova proposta que visará a criação de sinergias nas operações dos segmentos de transportes e energias das duas empresas, refere a publicação norte-americana.
O novo decreto alarga uma medida já existente na legislação francesa desde Dezembro de 2005 para o ramo da defesa e segurança, explica o "Le Monde". São agora mais cinco os sectores abrangidos por este direito de veto do executivo liderado por Manuel Valls: energia, água, telecomunicações, transporte e saúde.
A medida, que entra em vigor 24 horas após a sua publicação, será todavia "aplicada de forma selectiva e proporcional, tendo em conta os méritos de cada situação", ressalvou Arnaud Montebourg.
Situação semelhante vive o Reino Unido, com a discussão da possível fusão entre Pfizer e AstraZeneca. Tal como em França, os responsáveis políticos estão a acompanhar o desenvolvimento das negociações. Nos últimos dois dias, estiveram marcadas audições no Ministério Público britânico para os vários actores envolvidos – governo, oposição, cientistas e executivos de ambas as empresas.