A Ferroatlántica e a alemã EnBW elevaram a sua oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Hidrocantábrico oferecendo 27,3 euros (5.473 escudos) por acção pela eléctrica espanhola. A EnBW adquiriu 50% da Ferroatlántica para realizar a operação.

Segundo um comunicado conjunto das empresas, a OPA incide agora sobre 100% do capital da Hidroeléctrica del Cantábrico, empresa que é também alvo de OPAs por parte da Electricidade de Portugal (EDP) e da eléctrica alemã RWE.

A oferta, que anteriormente incidia sobre 25% do capital da eléctrica asturiana a um valor de 19 euros por acção (3.809 escudos), avalia a Hidrocantábrico em 3,1 mil milhões de euros (621 milhões de contos) mais 43,7% que a oferta inicial.

«Os 27,3 euros por acção agora oferecidos pela Ferroatlántica supõem melhorar a oferta de 26 euros (5.212 escudos) por acção lançada pela RWE em 5%; ou seja mais 1,3 euros (261 escudos)», refere o comunicado.

A OPA não impõe agora qualquer número mínimo de acções a adquirir no âmbito da operação.

Gerhard Goll, presidente da EnBW considera que «esta transacção cumpre com o objectivo da EnBW de estabelecer uma posição sólida no mercado espanhol. Para além disso a Hidrocantábrico encaixa perfeitamente com a estratégia que implementámos com êxito no mercado alemão: uma forte base regional, um excelente serviço ao cliente e uma agressiva e inovadora estratégia comercial».

A EDP lançou a sua OPA conjuntamente com o banco asturiano Cajastur oferecendo 24 euros (4.812 escudos) por cada acção da Hidrocantábrico. A americana TXU e a Cajastur aceitaram a oferta da EDP/Cajastur garantindo assim 35% do capital da Hidrocantábrico ao consórcio liderado pela eléctrica portuguesa.

Os direitos de voto da Hidrocantábrico encontram-se actualmente limitados a 10% do capital, portanto num cenário de se dividir o capital em 35% para a EDP e 65% para a Ferroatlántica as empresas estariam em pé de igualdade quanto à distribuição de poderes, pelo menos numa fase inicial.

Segundo a lei espanhola somente a empresa que lança a primeira OPA sobre tem o direito de melhorar essa oferta posteriormente.

Segundo noticiou ontem o diário espanhol «Expansión», a Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV), entidade reguladora do mercado espanhol, terá de decidir «rapidamente» se aprova ou não a oferta renovada da Ferroatlántica, uma vez que o prazo para os accionistas da Hidrocantábrico tomarem uma decisão terminará na segunda semana de Abril.

A EnBW é participada em 25% pela eléctrica estatal francesa EDF, facto pelo qual o Governo espanhol vetou uma OPA lançada pela eléctrica alemã em Março de 2000 em concorrência a outra lançada pela espanhola Unión Fenosa.

A participação do Estado português não impediu, no entanto, a aprovação da OPA lançada sobre a Hidrocantábrico pela EDP/Cajastur. A RWE, que é participada por alguns municípios alemães, viu igualmente aprovada a sua oferta.

«No contexto do acordo entre as companhias, acordo já conhecido pelo mercado, a EnBW decidiu adquirir uma participação de 50% do capital social da Ferroatlántica», refere o comunicado das empresas.

Segundo a mesma fonte, a Ferroatlántica compromete-se a manter a «asturianidade» da Hidrocantábrico e manter a sua sede em Oviedo.

As empresas comunicam ainda que têm como objectivos estratégicos «o crescimento rentável a longo prazo dos seus negócios principais, o incremento de quota de mercado, com especial atenção aos “cliente elegíveis”, a continuidade das unidades produtivas existentes, a aquisição de activos de geração e distribuição que facilitem uma troca significativa de escala com o correspondente aumento de quota no mercado (espanhol), e a contribuição para os planos de desenvolvimento do Principado de Asturias».

Na sexta-feira as acções da Hidrocantábrico encerraram a subir 1,03% nos 26,60 euros (5.333 escudos) enquanto os títulos da EDP marcavam 3 euros (601 escudos) a cair 2,28%.