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Farmácias vendem medicamentos a valores diferentes dos indicados nas embalagens

A Associação Nacional de Farmácias (ANF) denunciou hoje que as farmácias estão a vender medicamentos a um preço diferente daquele que está marcado na embalagem, por imposição do Infarmed, o que está a gerar "grande confusão" entre os utentes.

18 de Janeiro de 2012 às 17:18
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Numa audição da comissão parlamentar de saúde sobre a situação de falência das farmácias, o presidente da ANF afirmou que o preço dos medicamentos em vigor não é o que está marcado na embalagem, mas sim o administrativamente aprovado, que é inferior.

Segundo João Cordeiro, a Assembleia da Republica aprovou a redução em seis por cento do preço dos medicamentos e “o Infarmed decidiu que o preço na embalagem é o máximo administrativamente aprovado, que não tem em linha de conta a redução de 6 por cento (%) decidida pelo Governo”.

O presidente considera “inacreditável e inaceitável” que o preço marcado não seja o que as pessoas têm que pagar e seja mais caro do que o real valor do medicamento.

Para o responsável, esta situação deveria ter sido resolvida de uma forma “muito simples” que era a alteração do preço nas embalagens, entendimento que o Infarmed não teve.

No final de 2010, o Governo aprovou a redução do preço dos medicamentos em 6%, mas essa alteração nunca chegou a ser efectivada no valor marcado nas embalagens, porque na mesma altura foi decidida a eliminação da indicação dos preços de venda ao público.

Entretanto, em Março de 2011, foi aprovada a decisão de voltar a indicar o preço dos medicamentos nas embalagens, o que já acontece desde Dezembro do ano passado, sem que os valores tenham sido actualizados.

A Associação Nacional de Farmácias (ANF) vai propor na sexta-feira ao ministro da Saúde que o preço dos medicamentos seja definido através de concurso público por princípio activo, tal como acontece nas farmácias hospitalares.

Esta informação foi avançada hoje no final de uma comissão parlamentar de saúde, durante a qual a ANF reiterou a intenção de avançar para um modelo de aquisição de medicamentos a um preço fixado pela Administração Central dos Sistemas de Saúde (ACSS), ao qual é adicionada uma margem de lucro para as farmácias.

“A indústria entrou em política de suicídio: reduz voluntariamente os preços, para caírem nos mais baixos e terem comparticipação de cem por cento. A descida voluntária da indústria não pode afectar a margem de lucro das farmácias. Há uma estratégia dos laboratórios que nos está a afectar de forma brutal. É urgente dissociar a margem de lucro das farmácias do preço do medicamento”, declarou o presidente da ANF.

Por isso, a associação das farmácias encara como solução para o sector uma opção “idêntica à dos hospitais”, em que a ACSS faz uma consulta a todos os laboratórios e define um valor máximo (por princípio activo do medicamento) a que as farmácias podem comprar.

“A partir daí seria determinado um valor fixo que incluiria tudo”, ou seja, o preço do medicamento acrescido de um margem para as farmácias pagarem despesas como salários e instalações.

“É preciso alterar de forma radical o sistema de remuneração das farmácias”, afirmou João Cordeiro, acrescentando que este modelo defendido pela ANF já é aplicado noutros países.

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