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Endesa Portugal diz que o investimento será desviado para Espanha
O presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, reiterou hoje que, se o Governo retirar a garantia de potência às centrais térmicas, o investimento será desviado para Espanha, rejeitando o argumento do Governo de que "há rendas excessivas".
10 de Fevereiro de 2012 às 15:22
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O presidente da Endesa Portugal rejeita o argumento do Governo de que há rendas excessivas para alterar a garantia de potência - renda anual que o sistema eléctrico paga aos produtores para compensar os dias em que as centrais térmicas estão paradas e de sobreaviso.
Nuno Ribeiro da Silva realçou ainda que "a garantia de potência paga em Espanha por MW instalado é de 32 mil euros e, em Portugal, é de 20 mil euros".
"Se Portugal reduz, apesar de já ser quase metade, o que vai acontecer é que as empresas não vão fazer centrais eléctricas em Portugal e vão fazê-las em Espanha, o que não é uma boa notícia para o país.
Em declarações aos jornalistas, depois do secretário de Estado da Energia ter afirmado que "a EDP e a Endesa devem perder ou atenuar significativamente a sua garantia de potência", Ribeiro da Silva sustentou que "significa a retirada dos grupos de gás construídos em Portugal, que são os mais eficientes da Europa, e não avançar com a construção de novas barragens".
O presidente da Endesa Portugal acrescentou que, quando foi tomada a decisão de investir 600 milhões de euros, existia um diploma que define a garantia de potência, referindo que "se essa central é retirada é crítico para o sistema português sobretudo quando não houver água nem vento como aconteceu em Janeiro".
Por isso, sublinhou, "tem que ser devidamente ponderada a especificidade de cada caso".
Momentos antes, o secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, explicou que "o que está em causa é corrigir o mecanismo existente que está a ser aplicado a um investimento realizado anteriormente e, ao invés disso, adaptá-lo para ser um correcto incentivo ao (novo) investimento de acordo com as necessidade do mercado, de maneira a evitar os sobrecustos existentes".
O governante desvalorizou as ameaças da Endesa e da EDP, que dizem que, se o Governo retirar os apoios para as centrais térmicas, estas podem parar, considerando que "é uma preocupação perfeitamente normal salvaguardar os seus interesses".
O Governo comprometeu-se com a 'troika' a aliviar custos de forma a que as tarifas de electricidade aos consumidores não tenham uma subida exponencial no futuro. Entre outras medidas que o Executivo está a negociar com os operadores do sistema, a pedido da 'troika', está a possibilidade de revisão das tarifas nas energias renováveis e cogeração, a revisão em baixa dos custos regulados com os Contratos de Aquisição de Energia (CAE) e dos custos de manutenção do equilíbrio contratual (CMEC) e ainda a eliminação do mecanismo de garantia de potência.