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Empresas portuguesas recorrem cada vez menos a financiamento e têm capital em máximos

O peso do capital próprio nos ativos das empresas atingiu 38,4% no terceiro trimestre, o que corresponde ao nível mais elevado desde pelo menos 2006.

David Cabral Santos
16 de Janeiro de 2020 às 15:39
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As empresas portuguesas alavancaram o seu balanço de forma expressiva entre 2006 e 2012, recorrendo cada vez mais a dívida para financiar a sua atividade. Em sentido inverso, deixaram deteriorar os seus níveis de capital.

 

O ponto alto desta tendência aconteceu em 2012, já depois do pedido de assistência externa por parte de Portugal. No final desse ano, os financiamentos obtidos correspondiam a mais de 40% dos ativos, enquanto o capital próprio tinha um peso de apenas 31,7%.

 

O processo de desalavancagem foi inevitável e aconteceu de forma célere e contínua. A inversão de tendência aconteceu no final de 2017. No quarto trimestre desse ano, o peso do financiamento era de 35,8%, um valor já inferior ao peso do capital próprio no total do ativo (35,9%).

 

A tendência prosseguiu desde então e, no terceiro trimestre de 2019, o financiamento está no nível mais baixo desde que o Banco de Portugal começou a publicar estes dados (2006), enquanto o valor do capital está em máximos deste período.   

 

Segundo os dados da Central de Balanços publicados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal, o capital próprio equivale a 38,4% dos ativos das empresas portuguesas, enquanto os financiamentos correspondem a 33,6%.

 

Uma diferença de cerca de cinco pontos percentuais que demonstra a melhoria significativa da autonomia financeira das empresas portuguesas, sobretudo quando comparando com o período pré-troika, em que as empresas recorriam sobretudo a dívida para financiarem a sua atividade.

 

 

Comparando os dados do terceiro trimestre de 2019 com o registado no final de 2018, o peso do capital próprio aumentou 8 décimas e o peso dos financiamentos obtidos no total do ativo diminuiu 4 décimas. O Banco de Portugal assinala que esta melhoria "foi transversal a todos os setores de atividade económica, bem como às empresas públicas".

 

As estatísticas publicadas pelo Banco de Portugal esta quinta-feira mostram outros sinais de melhoria na saúde financeira das empresas portuguesas, que já têm sido visíveis nos últimos trimestres.

 

O custo do financiamento foi de 3,2% no terceiro trimestre, em linha com os valores mais baixos de sempre, com as empresas portuguesas a beneficiarem com a política monetária de juros baixos por parte do BCE, bem como a redução do risco de Portugal. Esta evolução favorável levou a que o EBITDA corresponda a sete vezes os custos com o financiamento, o que corresponde a um rácio de cobertura dos gastos de financiamento mais elevado deste período.

 

Ao nível da rendibilidade, o peso do EBITDA no ativo das empresas não financeiras situou-se em 7,6%, valor muito próximo do registado no trimestre anterior (7,7%) e que também está perto de máximos.

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