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Empresas fazem acordos para evitar "roubo" de trabalhadores qualificados

A dificuldade em recrutar alguns perfis de engenharia e de tecnologias de informação justifica esta espécie de "pacto de não-agressão" que vigora no sector dos serviços partilhados.

Bloomberg
04 de Abril de 2017 às 18:13
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Algumas grandes empresas, sobretudo na área dos centros de serviços partilhados, têm acordos válidos entre elas para tentar limitar o recrutamento em massa dos seus quadros especializados. A escassez de talentos disponíveis e a forte concorrência pelos trabalhadores para este sector de actividade explicam esta prática no mercado.

 

Segundo o responsável pelos escritórios da Michael Page (MP) no Porto, esta espécie de pactos de não-agressão ao nível dos Recursos Humanos têm sido feitos por grupos "com boas relações" e que se têm instalado nos últimos anos no mercado português, onde encontram "muitas dificuldades" em contratar alguns perfis.

 

Garantindo que estes acordos "não são para evitar que os salários subam" para determinadas categorias, Carlos Andrade recusou também que este procedimento, que não envolve directamente as empresas de recrutamento, limite a mobilidade dos colaboradores, que continuam "livres" para assumir outros compromissos profissionais.

 

Na base desta realidade descrita está a instalação de múltiplos centros de serviços partilhados em Portugal. Só na zona do Grande Porto abriram mais de vinte projectos destes nos últimos três anos, que obrigaram a recrutar perto de duas mil pessoas, calcula o gestor desta multinacional focada em quadros técnicos e superiores. O centro tecnológico da Euronext, que emprega 115 pessoas, foi o último a ser inaugurado. Um dos próximos a arrancar é o do banco francês Natixis, que vai concentrar na cidade Invicta parte das operações informáticas e criar 600 empregos.

Num almoço com jornalistas, Carlos Andrade relatou que "há poucos candidatos disponíveis para as vagas que estão a abrir" no país para profissionais de tecnologias de informação e engenharia, assim como para posições que exigem o domínio de idiomas, como o francês ou o alemão. Questionado pelo Negócios sobre se esta fraca atractividade não se deve também ao nível salarial oferecido, respondeu que em várias posições até já está alinhado com o que se paga em mercados da Europa central.

 

Indústria no presente e turismo no futuro

 

Além dos centros serviços partilhados e das empresas de tecnologias de informação, que estão a contratar sobretudo programadores, engenheiros e perfis financeiros, também as empresas exportadoras da área industrial estão em destaque na carteira de clientes da MP na região Norte, onde o número de colocações aumentou 182% em 2016. Vendas no mercado externo, engenharia de processos, "lean management" e manutenção de máquinas são as áreas com maior procura por parte das indústrias.

 

Enquanto os sectores do grande consumo e do retalho prosseguem "em recuperação", o turismo e a reabilitação urbana são apontadas como as áreas de maior crescimento no futuro, em particular no Grande Porto. Aliás, o escritório local da MP – em breve vai descer da rotunda até à avenida da Boavista e ficar com mais espaço no edifício Burgo – vai receber este ano mais dois consultores para acompanhar os processos de recrutamento e selecção para o sector turístico.

 

Presente em Portugal desde 2000, a multinacional de origem britânica acumula actualmente na sua base de dados perto de 250 mil trabalhadores, apenas referentes ao mercado português. Segundo dados oficiais, em média, cerca de 600 pessoas são entrevistadas por semana por meia centena de consultores que trabalham com a MP a nível nacional.

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