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Combustível de Trump para as cripto esgotou-se em cinco meses

A maré vermelha que tem assolado os mercados nos últimos dias chegou finalmente aos criptoativos. A bitcoin atingiu mínimos de cinco meses esta segunda-feira e chegou a negociar abaixo dos 75 mil dólares. O setor sente-se "enganado".

DR
07 de Abril de 2025 às 18:33
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As critptomoedas arrancaram 2025 com grandes expectativas. A reeleição de Donald Trump prometia um caminho brilhante para os ativos digitais este ano, com o Presidente dos EUA a cumprir a sua promessa de criar uma reserva estratégica de bitcoin e a aproximar-se cada vez mais da indústria. No entanto, a guerra comercial que agora se desenha está a fazer com que o "rally" dos criptoativos trave a fundo. Todo o gás que Trump deu ao setor desde a sua eleição já se evaporou.

A bitcoin, que ultrapassou os 100 mil dólares em dezembro do ano passado (uma fasquia bastante celebrada pelo setor), chegou a negociar abaixo dos 75 mil dólares esta manhã, marcando mínimos de 7 de novembro – dois dias depois de Donald Trump ter batido Kamala Harris na corrida presidencial. Entretanto, a criptomoeda mais famosa do mundo conseguiu reduzir ligeiramente as perdas, mas mesmo assim encontra-se a afundar 3,88% para 78.384,34 dólares. Por sua vez, a Ether - o segundo maior criptoativo do mundo - tocou em mínimos de mais de dois anos. 

A moeda digital até tinha conseguido resistir ao impacto inicial das tarifas norte-americanas nos mercados. Enquanto Wall Street sangrava e via fugir cerca de 5 biliões de dólares, este ativo – em conjunto com o restante setor – conseguiu persistir, negociando entre perdas e ganhos, sempre acima da fasquia dos 80 mil dólares. No entanto, a resistência parece ter sido "sol de pouca dura" e, este domingo, a bitcoin juntou-se aos restantes ativos de risco e viu o seu valor cair a pique.

A capitalização de mercado do setor caiu cerca de 11% em apenas dois dias, tocando nos 2,5 biliões de dólares – muito próximo do valor que tinha quando Trump selou a sua vitória nas presidenciais de novembro, de acordo com dados da CoinGecko. Apesar deste mergulho estar a ser provocado, em grande parte, pelos criptoativos com maior peso no mercado, pequenos "tokens", como a XRP, Solana e Cardano – três das moedas digitais que Trump indicou que queria na reserva estratégica dos EUA – estão também a registar quedas substanciais entre 8 e 10%.

O "sell-off" não deixou as empresas de cripto ou com grande exposição aos ativos digitais de fora. A Strategy, que já detém mais de 2,5% de todas as bitcoins disponíveis, está a afundar quase 8% esta tarde, enquanto mineradoras como a MARA Holdings e a CleanSpark arrancaram a sessão desta segunda-feira com quedas superiores a 10%. Com a ligeira recuperação da bitcoin, estas duas últimas empresas conseguiram reduzir as perdas.

O sonho do Presidente dos EUA de tornar o país na "capital das criptomoedas" pode ainda estar vivo, mas a indústria já não caminha ao lado de Donald Trump. "As cripto chegaram a 2025 à espera de ventos favoráveis vindos da administração norte-americana, mas, em vez disso, receberam uma tempestade de categoria 5", explica Matthew Graham, CEO da Rize Labs, uma empresa de capital de risco com grande exposição aos criptoativos. "Ele [Donald Trump] enganou-nos", conclui.  

A nova política comercial norte-americana, que compreende tarifas recíprocas de, pelo menos, 10% a todos os países, está a fazer com que os investidores fujam dos ativos de risco e procurem refúgio em obrigações. Os juros da dívida norte-americana chegaram a cair abaixo dos 4% na semana passada, mas voltaram a negociar acima desta fasquia esta segunda-feira, numa altura em que os mercados mostram grande volatilidade.

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