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Empreendedor japonês tem uma nova meta: vender bifes de 180 dólares
O “enfant terrible” japonês Takafumi Horie construiu uma das empresas mais bem-sucedidas do país no ramo da internet, concorreu ao Parlamento, foi para a prisão e criou uma empresa espacial que prevê colocar em órbita o primeiro foguete com financiamento privado do país. Agora este empresário tem um novo alvo: o gado.
O fundador da Interstellar Technologies juntou-se ao amigo Hisato Hamada para formar a Wagyumafia, que rotula, promove e distribui carne Wagyu. Horie, de 44 anos, compara a carne macia e gordurosa com Domaine Romanée-Conti, uma região vinícola da Borgonha, em França, que transformou a sua marca numa das mais caras do mundo.
Vinho de Borgonha
"Apesar de ser tão escassa quanto um bom vinho de Borgonha, a carne Wagyu tem sido vendida a um preço barato pela JA", afirmou Horie, referindo-se às Cooperativas Agrícolas do Japão, o maior grupo de produtores do país. "Tenho a certeza que essa carne pode ser vendida a preços muito mais elevados nos mercados internacionais."
Após a inauguração do seu primeiro restaurante exclusivo para membros, em Tóquio, em Setembro de 2016, Horie e Hamada já abriram mais três unidades. O número de membros aumentou para 1.000, 300 dos quais estrangeiros. A Wagyumafia tem realizado eventos de degustação em Nova Iorque, Paris e Singapura e planeia abrir o seu primeiro restaurante fora de portas, em São Francisco, no ano que vem.
"Por máfia referimo-nos a um sindicato de ex-empreendedores de TI", afirmou Hamada, de 40 anos, ex-editor de uma revista online sobre cinema. "O nosso projecto é fornecer carne Wagyu produzida por criadores seleccionados directamente aos compradores internacionais, sem intermediários e sem publicidade. Nós encontramos clientes através das redes sociais e de eventos."
A carne Wagyu vem de quatro raças japonesas de gados - Black, Brown, Shorthorn e Polled -- que normalmente produzem uma carne intensamente marmorizada, com uma percentagem maior de gorduras não saturadas do que a maior parte dos outros tipos de carne bovina. É por isso que estes bifes macios e saborosos são a carne mais cara do mundo.
Na nova unidade de Hamada, no distrito de Roppongi, em Tóquio, a área preferida dos fãs de gastronomia, o quilo de carne Wagyu é vendido por 30.000 ienes (226 euros). A garrafa mais barata de Romanée Conti custa cerca de 46.000 ienes, e as melhores colheitas da cidade chegam a custar mais de 1 milhão de ienes.
Hamada e Horie, o ex-presidente do portal web Livedoor, estão a tentar construir uma marca premium num momento em que a procura por carne bovina japonesa está a aumentar no exterior, especialmente na China, onde a qualidade e a segurança dos alimentos se tornou uma preocupação crescente.
O maior mercado de exportação do Japão é Hong Kong, que comprou 353 toneladas nos seis primeiros meses de 2017, e os EUA vêm logo a seguir, com 201 toneladas. O Camboja, ponto de trânsito dos carregamentos de Wagyu para a China, foi o terceiro maior comprador, com 197 toneladas.
A China mantém uma proibição à carne bovina japonesa desde a primeira incidência da doença das vacas loucas no Japão, em 2001. As exportações deverão aumentar porque Taiwan suspendeu a proibição à carne japonesa em Setembro.
O Japão fechou um acordo comercial com a União Europeia este ano para eliminar tarifas aplicadas à carne bovina japonesa. O governo pretende ampliar as exportações de Wagyu para 25 mil milhões de ienes até 2020.
"A carne Wagyu está no mesmo caminho do sushi", que se expandiu rapidamente pelo mundo na última década, disse Dan Christiansen, responsável pelo departamento de alimentos da churrascaria MASH em Copenhaga, a maior revendedora da carne Wagyu japonesa no estrangeiro.
(Título original: Japan’s Internet Maverick Has New Global Target: $180 Steaks)