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EDP aumenta poder negocial na luta pela Hidrocantábrico

O parecer da CNE sobre as pretensões da EDP para o controlo da Hidrocantábrico aumenta o poder negocial da eléctrica nas conversações com a Ferrotlántica, o outro accionista da empresa asturiana, segundo os analistas contactados pelo Negocios.pt.

28 de Junho de 2001 às 19:51
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O parecer da CNE sobre as pretensões da EDP para o controlo da Hidrocantábrico aumenta o poder negocial da eléctrica nacional nas conversações com a Ferrotlántica, o outro accionista da empresa asturiana, de acordo com os analistas contactados pelo Negocios.pt

A CNE emitiu hoje um parecer sobre as posições da EDP [EDP] e EnBW na Hidrocantábrico, tendo o regulador do sector eléctrico espanhol considerado que a união da EDP com a Hidrocantábrico poderá permitir obter «uma melhoria no equilíbrio da quotas dos participantes no mercado ibérico, ao diminuir as percentagens de participação dos actuais agentes maioritários», de acordo com o relatório da CNE a que o Negocios.pt teve acesso.

O relatório apresentado hoje pela CNE servirá de base ao Governo de Madrid para decidir o levantamento ou não do congelamento dos direitos de voto dos maiores accionistas da Hidrocantábrico. A decisão de congelar os direitos de voto, foi justificado pelo facto da EDP e a alemã EnBW terem, na sua estrutura accionista, participações estatais. Portugal tem cerca de 31% na EDP, enquanto a Electricité de France (EDF), detida na totalidade pelo Estado francês, é o maior accionista da EnBW.

«Este parecer da CNE poderá contribuir para a EDP aumentar o seu poder negocial na Hidrocantábrico, e que no futuro poderá caminhar para uma igualdade de posições entre a eléctrica nacional e a Ferroatlántica/ENBW», avançou ao Negocios.pt Filipe Valença, analista do Banco Finantia.

O regulador considera que a participação indirecta da alemã EnBW, participada da EDF, na Hidrocantábrico poderá condicionar a transparência de mercado na realização de transacções entre Espanha e Alemanha, para além da França, de acordo com o mesmo relatório.

O parecer foi «vantajoso» para a EDP, explicou ao Negocios.pt uma analista que pediu para não ser identificada.

O aumento do poder negocial poderá colocar a empresa liderada por Francisco Sanchéz numa boa posição para elevar a sua participação na Hidrocantábrico, para o cumprimento do objectivo de assumir o controlo operacional da eléctrica.

«O caminhar para uma igualdade de posições entre os dois maiores accionistas da Hidrocantábrico, legitimará a obtenção por parte da EDP do controlo operacional da eléctrica espanhola», referiu o mesmo analista do Banco Finantia.

A EDP detém cerca de 35% da Hidrocantábrico em parceria com a Cajastur, dos quais 19,2% são detidos directamente, enquanto a Ferroatlántica, em parceria com a EnBW, controla 59,9% da terceira maior eléctrica espanhola.

A empresa liderada por Francisco Sánchez, actualmente a terceira maior eléctrica da Península Ibérica, poderá, através da Hidrocantábrico, a aumentar a sua quota de mercado ibérica de 12% para 17%.

CNE recomenda abertura do mercado eléctrico nacional

O relatório da CNE sugere uma maior abertura do mercado eléctrico nacional, uma vez que a EDP representa cerca de 84% da potência instalada em Portugal, com vista a uma integração dos dois mercados. Contudo, a entidade reguladora adianta que esta abertura não deverá implicar uma diminuição da dimensão da eléctrica portuguesa.

A entidade reguladora referiu também que as diferenças de regulamentação dos dois sistemas são muito significativas, pelo que a evolução para um funcionamento integrado e eficiente de ambos os mercados está condicionada à harmonização da regras dos dois países.

«Parece razoável que o Governo português opte por uma abertura do seu mercado que passe por não diminuir o nível de importância da EDP e inclusive consideramos necessário aumentar a sua presença face a uma evolução futura de integração dos mercados de Espanha e Portugal», referiu a CNE no relatório.

A EDP, encerrou a sessão nos 2,85 euros (571 escudos), com uma valorização de 2,52%.

Por Ricardo Domingos e Duarte Costa.

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