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Ecossistema português perde gás. Startups angariam 750 milhões este ano

Angariar capital e atrair investidores mais qualificados são alguns dos pontos apontados como cruciais para permitir que o ecossistema português das startup consiga prosperar.

Bloomberg
14 de Dezembro de 2022 às 14:37
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Angariar capital e atrair investidores mais qualificados, criar medidas para proteger o talento nacional e incentivar mais ligações entre as grandes empresas e startups, são alguns dos pontos cruciais para permitir que o ecossistema português das startups ganhe escala.

Em termos de eficiência do Governo, o país passou de 38º lugar para 43º, enquanto nas infraestruturas necessárias ao desenvolvimento passou do 27º lugar para o 30º. Em termos de capitais, o investimento angariado pelas startups – com ou sem sede fiscal em Portugal – também desceu, tendo passado de 1,5 mil milhões de euros em 2021 para 750 milhões este ano.

Os dados constam de um estudo sobre o ecossistema nacional, esta quarta-feira apresentado no Ministério da Economia, em Lisboa, pela Startup Portugal, que contou com respostas de 125 empreendedores.

De acordo com o estudo, que contabiliza cerca de duas mil startups e scaleups - nome que se dá às empresas que já passaram pela fase inicial de financiamento -, o país perdeu algum gás este ano em 'rankings' que dizem respeito à dificuldade em lidar com a Administração Pública, de fazer negócio, de captar talento ou de acesso a capital. Dados esses que, defende António Dias Martins, diretor-executivo da Startup Portugal, "devem preocupar".

"Não podemos estar a sombra de uma boa vaga que aconteceu entre 2016 e 2020. Temos de lançar uma nova vaga de políticas e medidas, porque o mercado é competitivo", acrescentou.

Contudo, no que diz respeito às startups com sede em Portugal, a tendência foi inversa, tendo o investimento angariado passado de 169 milhões de euros para 421 milhões, com as "fintech" a liderarem as áreas que mais investimentos captaram (25%), registando assim uma tendência contrária à que se assiste lá fora. 

Na área do conhecimento, o país mantém-se ainda abaixo daquilo que é a média da União Europeia, apesar do "crescimento significativo dos últimos anos", salienta Gabriel Coimbra, autor do estudo. 

Dos mais de 100 empreendedores entrevistados, 71% aponta a redução dos impostos como uma das principais medidas para alavancar o sistema português, sendo a simplificação da burocracia também apontada por 50%. 


Em declarações ao Negócios, o responsável pela Startup Portugal afirma que é crucial olhar para os dados e resolver os desafios que se apresentam, desde o talento ao capital

"Apesar de sermos um país que consegue formar talento, neste momento é difícil aceder a esse talento.Temos que criar - e aqui tem de facto que ser política pública- incentivos para que este talento consiga ser retido em Portugal e a trabalhar também para empresas portuguesas", afirmou. Já quanto à angariação do capital, é preciso ir além de subsídios, vouchers e apoios.

"Temos que trabalhar no capital dedicado e aplicado ao crescimento e e escalabilidade das empresas portuguesas, scale-ups e unicórnios ou pré-unicórnios", realçou, apontando que uma das medidas defendidas na "Lei das Startups" é precisamente "a criação de condições e garantias por parte do Estado aos investidores institucionais, fundos de pensões, companhias de seguros e outros para que estes passem a colocar parte do capital ao serviço de Venture Capital das startups". 

"Basta eles meterem 1 ou 2% dos seus do seu capital disponível e isto muda radicalmente a disponibilidade de fundos que há em Portugal para estas scale ups e grandes startups", acrescentou. 

"Lei das startups bem encaminhada"

O direto-executivo da Startup Portugal afirmou que as duas principais medidas da chamada lei das startups, anunciada a 20 de outubro pelo ministro da Economia, estão "muito bem encaminhadas". "Esperamos até ao fim do ano ter isto pronto. As duas grandes medidas são o conceito legal de definição de startup, temos de ter um enquadramento legal para saber o que é uma startup, tal como sabemos o que é uma Pequena e Média empresa (PME), e a outra é a resolução de um problema antigo que é o regime fiscal de stock options", detalhou.


O Governo anunciou a 20 de outubro estar a preparar um novo enquadramento legislativo para as startups, referindo que esta será uma "lei muito atrativa, alinhada com as tendências de empreendedorismo internacionais" e que pretende "reforçar o ecossistema, tanto do lado do financiamento das startups como do ponto de vista fiscal". 

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