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EasyJet admite "olhar para oportunidades" de privatização

Diretor da companhia aérea para o mercado europeu diz que olhará "para as oportunidades se alguém nos contactar ou nos abordar" relativamente à privatização da TAP, mas assegura que neste momento está concentrado "nos nossos próprios planos",

25 de Março de 2023 às 10:07
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A companhia aérea Easyjet admite "olhar para as oportunidades à medida que forem surgindo" e "se alguém contactar ou abordar" a empresa relativamente à privatização da TAP, embora não haja "absolutamente qualquer plano", focando-se antes na operação atual.

"Olharemos para as oportunidades se alguém nos contactar ou nos abordar, mas neste momento não há absolutamente nenhum plano e estamos completamente concentrados nos nossos próprios planos", disse em entrevista à agência Lusa o diretor da Easyjet para o mercado europeu, Thomas Haagensen.

"Temos um enorme desafio à nossa frente para [...] cumprir estes objetivos para o verão e depois poderemos olhar para as oportunidades à medida que forem surgindo, mas neste momento o nosso foco é o nosso próprio crescimento", acrescentou o responsável da transportadora aérea de baixo custo, que opera desde novembro passado 18 'slots' diários que pertenciam à TAP no aeroporto de Lisboa.

Numa altura em que o Governo português planeia reprivatizar a companhia aérea TAP, mantendo uma posição parcial na companhia, Thomas Haagensen escusou-se a comentar "os planos de qualquer outra companhia aérea", salientando antes a expansão da Easyjet em Lisboa, que "é uma notícia fantástica para o consumidor português e para o resto dos europeus que querem ir a Portugal".

"Do nosso lado, estamos a concentrar-nos na nossa operação, até porque temos um desafio espantoso à nossa frente" referente a estas faixas horárias adicionais e às novas rotas a partir de Portugal, adiantou o responsável.

A posição surge depois de, no início de março, o ministro das Finanças, Fernando Medina, ter manifestado "plena confiança" de que, após as polémicas relacionadas com a gestão da empresa, a TAP "prosseguirá com sucesso o caminho do seu processo de reestruturação, isto é, o caminho da sua sustentabilidade futura, que passará pela privatização de uma parte do seu capital", admitindo assim que o Executivo mantenha uma posição acionista na companhia aérea no processo.

Embora esta alienação do capital do Estado português da TAP não esteja prevista no plano de reestruturação aprovado pelo executivo comunitário, certo é que é uma prioridade para o Governo.

Esta semana, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, admitiu que "riscos existem" com a privatização da TAP, mas destacou os "bons exemplos na Europa" com outras companhias aéreas de bandeira, que a seu ver não perderam valor estratégico.

Aludindo aos casos dos grupos aéreos privados Air France--KLM, que junta as companhias aéreas de bandeira francesa e holandesa, e ao International Airlines Group, que resulta da fusão das transportadoras britânica British Airways, espanhola Iberia e irlandesa Aer Lingus, o ministro considerou ser possível que, integrando a TAP numa grande empresa, esta se pode manter "como um ativo estratégico para Portugal", sendo este o "objetivo primordial" da privatização.

Em dezembro passado, a Comissão Europeia deu 'luz verde' ao plano de reestruturação da TAP e à ajuda estatal de 2.550 milhões de euros para permitir que o grupo regressasse à viabilidade, impondo para isso compromissos de forma a não prejudicar a concorrência europeia, sendo que um deles levou à alienação de 18 faixas horárias diárias no aeroporto de Lisboa em prol da Easyjet.

A companhia aérea britânica de baixo custo está presente em 37 países europeus e em 150 aeroportos, nos quais operam mais de 1.000 rotas com 320 aviões por toda a Europa, num total de quase 14 mil trabalhadores em toda a rede e de 69,7 milhões de passageiros transportados em 2022.

A Easyjet chegou em 1998 a Portugal, onde tem hoje mais de 830 trabalhadores e três bases (em Lisboa, Porto e Faro) para operar 89 rotas com mais de 30 aviões (19 dos quais baseados no país), sendo a segunda companhia aérea com maior presença no país, num total de 7,4 milhões de passageiros transportados em 2022.

Ao todo, a Easyjet tem uma disponibilidade de 11,2 milhões de lugares de e para Portugal.

27 novas rotas, mas crescimento limitado em Portugal

A companhia aérea vai operar 27 novas rotas no verão desde Portugal, algumas nos 'slots' que ganhou à TAP em Lisboa, uma "oportunidade momentânea" que a companhia aérea não antevê nos próximos anos, nos quais admite "crescimento limitado" no país.

"Para os clientes, o que importa é mais conectividade, mais escolha e grandes preços e, portanto, estamos realmente felizes por termos 27 novas rotas que estamos a lançar para a próxima temporada de verão" a partir de Portugal, anunciou Thomas Haagensen.

Entre estas rotas para a temporada de verão da aviação, que começa no próximo domingo, estão novas ligações diretas entre Lisboa e Bastia (Córsega), Maiorca, Ibiza, Menorca, Barcelona, Birmingham, entre outras, bem como de Porto para o Funchal ou para Porto Santo.

"No passado, não havia ligação direta a lugares como a Bastia ou Menorca, por exemplo, [...] portanto estamos muito satisfeito com essa expansão", observou Thomas Haagensen, qualificando Portugal como "um mercado importante" e "um grande destino para os clientes da Europa", nomeadamente de França, Suíça e Reino Unido.

Algumas destas novas rotas serão operadas nos 18 'slots' diários da TAP no aeroporto de Lisboa que a Comissão Europeia atribuiu à easyJet após imposição para aprovar o plano de reestruturação da companhia aérea de bandeira.

"Ter estes 18 'slots' adicionais ajudou-nos a consolidar essa posição, mas não é apenas ser a segunda companhia aérea, é também melhorar a experiência dos nossos clientes ao passar do terminal dois [do aeroporto de Lisboa] para o terminal um, o que é um passo importante para nós", referiu Thomas Haagensen.
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