A associação de defesa dos consumidores Deco concluiu, através de um estudo que efectuou, que 43,3% dos contadores multitarifa de electricidade em Portugal Continental têm desacertos superiores a 3 minutos por ano, acima do limite aceite de 2,5 minutos. Uma percentagem acima dos 12% reconhecidos pela EDP.

“Os contadores de electricidade multitarifa cujo relógio se encontra desacertado são em número muito superior aos 106 mil casos reportados pela EDP”, diz ainda a Deco em comunicado, notando ser “urgente” que o regulador divulgue a auditoria que iniciou em Setembro sobre esta matéria.

O estudo, diz a Deco, “revela ainda que as anomalias são transver­sais ao parque de contadores, não se limitando a duas séries de equipamentos, como é alegado pela EDP”. A associação assegura que “os desacertos superiores ou iguais a 3 minutos afectam con­tadores de 31 modelos de 11 marcas diferentes”.

“Como a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) se baseia apenas nos casos referidos pela EDP na directiva que determina a atribuição de compensações financeiras aos prejudicados, a Deco re­ceia que muitos consumidores com tarifa bi-horária e tri­-horária, além de terem já sido penalizados pelo desfa­samento horário dos contadores, não sejam abrangidos pelas compensações previstas”, lê-se no comunicado da associação.

Em Junho deste ano a EDP revelou que “identificou defeitos associados aos relógios que equipam uma série limitada de 106.500 contadores, de fabricantes credenciados”, referindo que destes “apenas foram detectadas anomalias, com prejuízo para os clientes, em cerca de 30 mil contadores”.

Nesse mesmo mês de Junho a ERSE aprovou o pagamento de compensações aos consumidores afectados, estimando que cerca de 83 mil clientes viessem a receber um total de 2,1 milhões de euros pelos erros de reparametrização dos contadores, e que 22.500 clientes recebam outros 2 milhões de euros pela precisão inadequada dos relógios, num total de compensações avaliado em 4,1 milhões de euros.