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Costa Pina: Relatório é "manobra de diversão" para "branquear responsabilidades"
O antigo secretário de Estado e do Tesouro e das Finanças Carlos Costa Pina afirmou esta terça-feira que o relatório resultante da comissão de inquérito aos swaps "não surpreende", sendo uma "manobra de diversão" da maioria para "branquear responsabilidades" do actual Governo.
Em declarações à agência Lusa, Costa Pina disse que o documento hoje conhecido "de algum modo não surpreende" porque "a ficção da história construída pela maioria [PSD/CDS] corresponde à versão que existia antes mesmo de a comissão de inquérito se iniciar".
Para o antigo governante do governo socialista de José Sócrates, o relatório, que é assinado pela deputada social-democrata Clara Marques Mendes, "não reflecte de todo o conteúdo dos trabalhos e da informação transmitida aos senhores deputados durante as inúmeras audições da comissão".
Sublinhando que "é um relatório que começa por não demonstrar seriedade", Carlos Costa Pina
considera que se trata de "uma manobra de diversão para branquear as responsabilidades próprias do actual Governo na condução deste processo".
"Dá a ideia de que tudo esteve mal até 2011, que só começou a estar bem a partir de 2011 e que toda a gente esteve mal com excepção de uma só pessoa: a senhora ministra das Finanças", afirmou o antigo secretário de Estado do Tesouro, acrescentando que, "pelos vistos, toda a gente perdeu tempo nas inúmeras comissões parlamentares de inquérito, porque não há nada de novo, a não ser a falta de seriedade das conclusões do relatório".
O relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito aos “swaps”, elaborado pela deputada social-democrata Clara Marques Mendes, conclui que gestores, banca e o anterior Executivo socialista tiveram responsabilidades na contratação de instrumentos de cobertura de risco financeiro e dos riscos associados.
Entre as 62 conclusões do relatório, Clara Marques Mendes refere que o secretário de Estado do Tesouro e Finanças do Governo de José Sócrates, Carlos Costa Pina, não seguiu as recomendações da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças em 2009, tendo prejudicado as contas das empresas públicas.
“Este comportamento em nada contribuiu para uma eficaz contenção da situação de risco, permitindo a proliferação deste tipo de contratos [problemáticos]”, acusou a deputada responsável pelo relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à celebração de contratos de gestão do risco financeiro por parte de empresas do sector público.