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Cláudia Azevedo já é presidente da Sonae
Está oficializada a transição de poder no grupo que detém o Continente. Na assembleia-geral desta manhã na Maia, que durou menos de duas horas, os acionistas confirmaram a substituição de Paulo Azevedo pela irmã mais nova.
Cláudia Azevedo, de 49 anos, já ocupa oficialmente a cadeira onde se sentaram antes o pai Belmiro e o irmão Paulo, depois de os acionistas da Sonae SGPS terem aprovado na manhã desta terça-feira, 30 de abril, o novo conselho de administração do grupo nortenho, cujo mandato se estende até 2022.
Como relatou ao Negócios uma fonte da empresa à porta das instalações, na Maia, a assembleia-geral anual, que decorreu à porta fechada, durou mais de hora e meia, terminando por volta das 12:45. O resultado exato das votações, com destaque para a eleição da nova presidente executiva e o alargamento de oito para dez administradores, será comunicado à CMVM após o fecho do mercado de capitais.
Além de Cláudia Azevedo – e de Paulo Azevedo e Ângelo Paupério, que partilharam o cargo de CEO desde 2015 –, a Efanor Investimentos, "holding" da família de Belmiro de Azevedo que é a principal acionista da Sonae, escolheu para o quadriénio 2019-2022 os nomes de José Neves Adelino e Marcelo Faria de Lima (que se mantêm neste órgão); o até agora "chief corporate center officer" do grupo, João Dolores - que com Cláudia é o único elemento da comissão executiva da Sonae; e ainda Carlos Moreira da Silva, Philippe Haspeslagh, Margaret Lorraine Trainer e Fuencisla Clemares, esta última responsável ibérica da Google.
Dividendos e contas: as outras decisões da assembleia-geral
Além da eleição do novo conselho de administração do grupo para o quadriénio 2019-2022, da ordem do dia da assembleia-geral constaram outros pontos, como a votação da proposta da administração da Sonae SGPS de distribuição aos acionistas de um dividendo bruto de 0,0441 euros por ação, mais 5% do que no ano anterior, correspondendo a um 'dividend yield' de 5,4% face à cotação de fecho de 31 de dezembro de 2018 (0,81 euros) e a um 'payout ratio' de 42% face ao resultado direto atribuível aos acionistas da Sonae. Em cima da mesa esteve também a aprovação das contas de 2018, em que os lucros subiram 33,7%, para 222 milhões de euros.
Chegado à presidência executiva da Sonae logo após o falhanço da OPA sobre a PT, em 2007, Paulo Azevedo esteve uma dúzia de anos na liderança executiva do grupo fundado em 1959, passando agora a ser "chairman" – enquanto Paupério assume apenas funções não executivas. Na última apresentação de resultados, há pouco mais de um mês, o gestor de 53 anos desejou "o maior sucesso" à irmã e apontou-lhe como objetivo "elevar a Sonae para novos patamares" e dar-lhe "uma verdadeira escala internacional".
A única a licenciar-se em Portugal – estudou Gestão na Católica Porto e mais tarde fez o MBA na escola francesa Insead – entre os três filhos de Belmiro, o patriarca falecido em novembro de 2017, esta mulher de aspeto austero e fama de durona, que até agora liderava a Sonae Capital, tem como missão continuar a "despir o fato de merceeira" que se colou à Sonae, diminuindo o peso de 70% que o retalho alimentar ainda tem nas vendas totais. E voltar a colocar a Sonae MC na rota da bolsa, uma operação abortada em outubro devido às condições adversas do mercado.
Agora já formalmente à frente de um grupo com cerca de 53 mil trabalhadores, diversificado no segmentos de atividade, presente em oito dezenas de geografias e com uma faturação de quase seis mil milhões de euros, a presidente anunciada desde 17 de julho de 2018 terá ainda de encontrar novas "avenidas de crescimento" e de gerir com pinças a parceria com Isabel dos Santos na Nos. Nos poucos perfis que já foram escritos é dito que não gosta de ouvir um "não". No livro "O Homem Sonae", de Filipe S. Fernandes, era referida pelo próprio pai como "a mais parecida [consigo], a que tem mais ‘killer instinct’".