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Cláudia Azevedo diz ter "dúvidas” sobre transição verde das empresas sem mais apoios públicos

A CEO da Sonae esteve esta quarta-feira no Fórum Económico Mundial em Davos onde abordou a necessidade de requalificação das pessoas para adequar competências a novos empregos. Cláudia Azevedo diz que o modelo de "educação subsidiada e de universidades tem de mudar".

Bárbara Cardoso 17 de Janeiro de 2024 às 14:58

Cláudia Azevedo diz ter "dúvidas" em relação à transição verde na Europa e afirma que os governos terão de ter maior relevo no papel de financiador às empresas neste caminho. "Há um enorme 'gap' de financiamento público e os governos vão ter de desempenhar um papel", afirmou a CEO da Sonae, que participou no painel "The Race to Reskill", no Fórum Económico Mundial, em Davos, esta quarta-feira, 17 de janeiro.

A empresária fala em "falta de fundos públicos" para as empresas enfrentarem os desafios tecnológicos e de transição energética impostos, admitindo que o governo deveria interferir neste contexto.

 

A CEO da Sonae acredita também que é preciso uma reforma no financiamento do ensino superior, dado que o modelo tradicional de subsídio das escolas "já não funciona". "A requalificação é algo que temos de fazer ao longo da nossa vida. O modelo tradicional de educação subsidiada e de universidades tem de mudar. Se tiro um curso aos 20 anos e se me quiser requalificar aos 30, 40 ou 50 anos, ou se precisar porque mudo de emprego, já não existem os subsídios públicos como quando eu tinha 18″, defendeu.

 

Na 54.ª reunião de líderes mundiais, Cláudia Azevedo sublinhou que é preciso garantir o acesso a formação ao longo da vida para conseguir uma adaptação às transformações no mercado laboral, decorrentes da transição verde e digital. Para uma maior requalificação, defende mais parcerias público-privadas (PPP). Estima-se que 100 milhões de europeus necessitem de uma adequação de competências nos próximos dez anos.

 

Questionada sobre o que é que a Sonae faz no sentido de requalificar a sua equipa, Cláudia Azevedo trouxe a palco o programa "PRO_MOV", o primeiro projeto piloto do programa Reskilling 4 Employment (R4E) – no âmbito do plano europeu da "European Round Table for Industry (ERT)" que pretende, até 2025, requalificar um milhão de europeus no desemprego ou em profissões em risco.

Este programa, onde a Sonae é uma das empresas líderes, 
teve início há três anos e conta agora com sete laboratórios em diferentes áreas, promovendo um modelo de ensino "one to one" na formação de profissionais para os "empregos de futuro", através da requalificação e integração no mercado de trabalho. 

Cláudia Azevedo sublinhou que na empresa que lidera há muita aposta na formação e aprendizagem dos colaboradores para promover requalificação de competências. "Na Sonae investimos muito na formação, estamos próximos das associações e temos seis pessoas em regime de pro bono nas operações do reskill", reiterou.

Em Davos, a empresária anunciou que, em nome da R4E Portugal, se juntou à iniciativa "Reskilling Revolution", do Fórum Económico Mundial, e está comprometida em "contribuir para o objetivo de requalificar mil milhões de pessoas até 2030". Este projeto junta mais de 20 Estados, 60 presidentes executivos e 350 organizações, e, assim como o PRO_MOV, pretende "valorizar os profissionais com melhor educação, competências e oportunidades económicas."

Já em anos anteriores a CEO da Sonae marcou presença em Davos. Em 2023, participou no painel sobre atração de talento como um problema complexo para muitas empresas por todo o mundo, mas que na pandemia "foi fácil" para a empresária dizer que "não despedia ninguém".

 

"As companhias precisam de ter valores genuínos. As pessoas avaliam quão autênticos são os valores das empresas", disse. E acrescentou: "Há empresas que há seis meses diziam que tinham valores enormes e agora estão a despedir cinco mil ou dez mil pessoas em chamadas de Zoom."



Texto editado por Inês Santinhos Gonçalves

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