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CEO da Bet365 é a empresária britânica mais bem paga ao ter recebido 245 milhões em 2016
Denise Coates, líder e fundadora da empresa de apostas Bet365, foi a empresária mais bem paga do Reino Unido. Recebeu mais de 245 milhões de euros. A notícia não caiu bem junto das entidades que ajudam as pessoas que sofrem do vício do jogo.
Há 17 anos, Denise Coates decidiu com o mundo das apostas estava pronto para partir para o mundo online. Fundou a empresa de apostas Bet365 que lidera desde então e da qual é a dona da maioria do capital em conjunto com outros membros da sua família. No ano passado, Coates recebeu 217 milhões de libras, mais de 245 milhões de euros, ou seja, 199 milhões de libras em pagamentos e 18 milhões de libras em dividendos. A firma registou um lucro de 525 milhões de libras, mais de 593 milhões de euros, de acordo com o The Guardian.
O valor que a líder da Bet365 recebeu faz que com que seja a empresária britânica mais bem paga do Reino Unido, tendo auferido (199 milhões de libras) mais de 1.300 vezes o que a primeira-ministra britânica ganhou. Além disso o salário que Denise Coates obteve dava para pagar duas vezes a totalidade da folha salarial do Stoke City, clube detido pela empresa e que está Premier League britânica, segundo a mesma fonte.
Denise Coates considera que o valor que auferiu é o reflexo do reconhecimento justo face ao "crescimento significativo" dos lucros da empresa. As receitas no ano fiscal de 2016/2017 cresceram 39% para 2,15 mil milhões de libras, de acordo com as contas apresentadas pela companhia na Companies House e citadas pelo jornal britânico.
Os números revelados pela empresa surgem numa altura em que as autoridades britânicas e instituições de caridade dão sinais de uma crescente preocupação em relação aos efeitos do jogo nas vidas das pessoas. Segundo dados apontados por Tracey Crouch, ministra com o departamento do Digital, Cultura, Media e Desporto, cerca de 600 mil britânicos têm "um problema associado ao jogo". Já a Comissão de Jogos britânica refere que dois milhões de pessoas no Reino Unido ou têm um problema com o jogo ou está em risco de ficar viciada.
As instituições de caridade que operam nesta área já criticaram o valor auferido por Denise Coates. "Não pode estar certo que a CEO de uma empresa de apostas receba 22 vezes mais do que toda a indústria ‘doa’ para o tratamento", disse Mike Dixon, da Addaction, citado pelo The Guardian.
"Quando um negócio está a fazer dinheiro de uma forma que causa uma grande preocupação sobre o seu nível de responsabilidade social é ainda menos aceitável ver alguém extrair esta quantidade de riqueza enquanto tanta gente é vítima na sequência das operações de negócio", disse Stefan Stern, director do think tank High Pay Centre.
Numa declaração feita aos accionistas, citada pela jornal, a empresa defendeu-se dizendo que a empresa "reconhece a sua responsabilidade em minimizar os danos relacionados com o jogo e em manter o crime fora do jogo".