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Carlos Pimenta: Sistema eléctrico não fez um mau negócio no acordo com produtores eólicos

O ex-secretário de Estado do Ambiente Carlos Pimenta defendeu hoje que "o sistema eléctrico não fez um mau negócio" no acordo com os produtores eólicos feito pelo governo de Passos Coelho, considerando que foi retirada incerteza.

Tiago Petinga/Lusa
20 de Julho de 2018 às 19:57
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Carlos Pimenta protagonizou hoje aquela que foi, até ao momento, a audição mais longa da comissão de inquérito parlamentar às rendas da energia, que durou quase seis horas, e durante a qual reiterou por diversas vezes que não há rendas excessivas na produção eólica.

 

"Nas minhas contas, [com esse acordo] o sistema eléctrico não fez um mau negócio. Mas também lhe digo com sinceridade: eu e o senhor deputado só daqui a 10 anos é que saberemos quem é que tinha razão. Antes disso não sabemos", disse, em resposta ao deputado do Bloco de Esquerda (BE) Jorge Costa, apresentando a sua "análise probabilística".

 

O BE estima um custo de 1.000 milhões de euros para os consumidores na sequência deste acordo com produtores eléctricos realizado em 2013, quando Portugal estava sob assistência financeira, e que permitiu, mediante o pagamento de uma contrapartida fixa durante oito anos (de 2013 a 2020), um prolongamento da vigência das tarifas bonificadas, por mais cinco a sete anos face ao prazo inicialmente previsto.

 

"Sabe o que é que o governo fez em 2013? Para uma parte da electricidade tirou-lhe a incerteza", sublinhou Carlos Pimenta, que defendeu a incorporação dos custos ambientais no preço de cada uma das fontes de energia, devendo as renováveis ser premiadas por não produzirem emissões e assim não poluírem.

 

O antigo secretário de Estado do Ambiente, que está actualmente ligado a várias empresas do sector das energias renováveis, avisou que "este sobressalto em que as renováveis têm vivido em permanência só leva a que os pequeninos estejam a vender ao desbarato a fundos internacionais".

 

"As pessoas não fazem ideia do efeito que teve aquele episódio de Novembro de 2017 do imposto de 250 milhões de euros", disse, referindo-se implicitamente à proposta do BE, que chegou a ser aprovada, mas depois avocada pelo PS, que imporia uma contribuição às empresas de energia renovável.

 

Sobre contratos de aquisição de energia (CAE) e custos de manutenção do equilíbrio contratual (CMEC), Carlos Pimenta escusou-se a tecer comentários, uma vez que considera não ter competências para tal, mas, na sequência de uma pergunta da bancada do PSD, foi peremptório: "Não posso crucificar os decisores políticos entre 2003 e 2006, que foram três governos".

 

"Eu acredito que hoje, olhando para trás, teria sido possível fazer melhor, mas na altura estava tudo o acontecer ao mesmo tempo: a mudança das directivas europeias, abandonar o regime dos CAE e passar para CMEC e ao mesmo tempo a aposta industrial nas renováveis. Hoje a optimização teria sido diferente e eu penso que o balanço apesar de tudo é positivo", disse.

 

Para baixar a factura de electricidade paga pelos portugueses, o também ex-deputado e ex-eurodeputado do PSD recordou que "o preço doméstico em Portugal só passou para cima da média da União Europeia quando o IVA saltou para os 23%". "Se o nosso IVA descesse para a média da União Europeia - 17, 18% - nós ficávamos abaixo", defendeu, na mesma linha do que tinha sugerido o ex-ministro da Economia Manuel Pinho.

 

Carlos Pimenta disse ainda ser preciso resolver as questões de desorçamentação, criticando - tal como Manuel Pinho - a taxa de audiovisual, apesar de defender uma rádio e televisões públicas. "Não era mais lógico ir buscar os quase 200 milhões de euros nas caixas dos operadores de televisão por cabo?", propôs.

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