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Buffett dá amanhã explicações aos investidores

O mega-investidor Warren Buffett apresenta amanhã a sua carta anual aos accionistas, onde explica o porquê dos seus investimentos.

24 de Fevereiro de 2012 às 14:05
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Warren Buffett comprou reservas de petróleo perto de um “boom” de energia. Recusou-se a gastar 35 milhões de dólares numa estação de televisão em franco crescimento, e trocou uma participação na Berkshire Hathaway por uma empresa de calçado que, algum tempo depois, admitiu ser inútil. Em cada um dos casos, os accionistas saíram prejudicados em mais de mil milhões de dólares. E em todos os casos, Buffett desculpou-se por escrito.

“Uma vez, um amigo meu perguntou-me: se és tão rico, porque é que não és esperto?”, contou o multimilionário numa carta anexada ao relatório anual de 1996. Descrevendo uma aposta na US Airlines, disse na altura: “Podem concluir que ele tinha alguma razão”, citado pela Bloomberg, que compilou informação que o milionário foi partilhado ao longo dos anos com os seus investidores.

A auto-crítica de Buffett é uma característica própria do seu estilo de liderança, que o ajudou a construir uma empresa com 270 mil empregados, e a atrair multidões de mais de 20 mil pessoas para o ouvir falar. O mega-investidor, de 81 anos, que se prepara para divulgar amanhã a sua carta anual aos accionistas, tem fama de estabelecer regras sem fim para os funcionários da Berkshire, e de conseguir manter os investidores nos anos bons, e nos anos maus.

“Ele não hesita em assinalar estas coisas, e não apenas para os accionistas”, disse James Armstrong, accionista da Berkshire, citado pela Bloomberg. “Também para os funcionários e gestores da Berkshire. Ele está a enviar a mensagem: Admite os teus erros, não finjas que eles não acontecem”.

Para o bem e para o mal: “mea culpa”

Buffett fez crescer a Berkshire com as suas apostas, como a Coca-Cola, e aquisições, como a seguradora Geico. O valor das acções da Berkshire subiu cerca de 38 vezes nos últimos 24 anos, e a fortuna do multimilionário subiu para o terceiro lugar das maiores do mundo.

Contudo, no ano passado, o aumento dos custos com os seguros contra catástrofes, e as dúvidas quanto aos planos de sucessão na Berkshire levaram os lucros da empresa a cair 16% para os 7,2 mil milhões de dólares.

Buffett assumiu a responsabilidade pelas perdas, quando a sua aposta no produtor de petróleo ConocoPhillips, contribuiu para mais de 3 mil milhões em imparidades, em 2009. O investidor culpou-se por décadas de lucros perdidos, porque se recusou a pagar 35 milhões de dólares por uma estação de televisão, e porque o custo da aquisição de uma fábrica de sapatos, em 1993, subiu para 3,5 mil milhões, uma vez que Buffett pagou 433 milhões em acções da Berkshire.

A sua carta anual tem, por norma, de 20 a 25 páginas, e é uma espécie de bíblia do investimento. É lida por accionistas, investidores, curiosos e interessados, um pouco por todo o mundo.

“Um (ou dois) fiascos muito caros” e uma aposta valiosa

Há dois anos, Buffett disse que a incursão da Geico no negócio dos cartões de crédito “foi um fiasco muito caro”, e que só ele teve culpa. Em 1999, disse aos accionistas que as suas transacções eram tão más, que teria sido melhor se ele tivesse ido ao cinema durante o horário de mercado. Até com uma aposta vencedora – o investimento da Berkshire na Coca-Cola, em 1988 e 1989 – Buffett culpou-se por não se ter lembrado mais cedo.

A Coca-Cola quadruplicou o seu valor desde então. A Berkshire, maior accionista da empresa de refrigerantes, tem uma participação agora avaliada em 14 mil milhões de dólares.

“Agonizar sobre os nossos erros é um erro”, disse Buffett em 2001. “Mas pensar neles e analisá-los pode ser útil, apesar de essa prática ser rara nas salas de reuniões das empresas”.

A avaliação de desempenho de Buffett pode mudar ao longo do tempo. Em 1998, no ano em que disse que teria sido melhor ir ao cinema, vendeu acções, incluindo da McDonald’s. O valor da McDonald’s mais do que duplicou desde 1998.

“É um negócio humilhante”, afirmou David Rolfe, director de investimentos da Berkshire. A auto-crítica de Buffett “serviu-o bem ao longo dos anos”.
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