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Bloco quer rever remuneração das barragens e eólicas para travar “bomba relógio” nos preços da luz

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, apresentou hoje duas soluções que, na visão do partido, "permitiriam acautelar a subida do preço da energia". Barragens e eólicas estão no centro das prioridades.

Miguel A. Lopes/Lusa
06 de Setembro de 2021 às 11:30
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A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu esta segunda-feira que, "se nada for feito" para contrariar a subida dos preços da eletricidade no mercado grossista, que têm estado a bater recordes, a fatura dos portugueses pode "aumentar cerca de 10 euros, pelo menos" no próximo ano. "Não sabemos se esta escalada de preços da energia não pode até continuar e agravar-se", sublinhou. 

A coordenadora do Bloco atacou a estratégia do Governo para lidar com a situação e apresentou duas medidas que, na visão do partido, "permitirão acautelar" a subida dos preços. 

Os bloquistas defendem, em primeiro lugar, que as barragens não devem ser remuneradas como as centrais emissoras de CO2. "É excessivo, não tem nenhum sentido e não pagam as licenças de mercado". Esta é uma medida que o Governo espanhol está a tentar adotar. Como o Negócios noticiou na semana passada, não está nos planos do Governo português. 

A segunda medida defendida por Catarina Martins é "acabar com extensão por mais cinco anos das remunerações às eólicas", feita pelo Executivo de Pedro Passos Coelho. 

A líder bloquista considera que estes são "mecanismos que estão ao alcance do Governo para baixar o preço da energia sem desistir das medidas fundamentais de transição climática". As duas medidas conjugadas, "não sendo toda a resposta que precisamos, permitiriam acautelar os preços", referiu. 

A porta-voz criticou ainda aquela que tem sido a resposta do Governo ao aumento dos preços no mercado ibérico. "São não respostas", defendeu. "O mercado da energia está feito de acordo com a produção de energia que emite CO2. Está errado, neste momento revela-se catastrófico, mas Bruxelas tem vindo a protegê-lo. 

O Governo tem afirmado que a entrada em funcionamento, em 2022, das centrais solares que resultaram dos leilões de 2019 vai ter impacto nas faturas. De acordo com Catarina Martins, "essas centrais não estão ligadas ainda à rede e, segundo a ERSE, demorará dois a três anos para que tenha efeito no preço da eletricidade". 

A líder criticou ainda a falada "redução dos preços da energia eólica", referindo que "isso não acontece" porque "o Governo não quis alterar o jackpot que, Passos Coelho, em 2013, deu às produtoras eólicas, garantindo preços depois dos 15 anos do contrato inicial". 

Catarina Martins atacou também o recurso ao Fundo Ambiental enquanto financiador da descida do preço da luz dos consumidores. Uma estratégia "errada" usada "para não mexer nas rendas excessivas que os produtores estão a receber", defendeu a líder do Bloco, apelando para que o Governo olhe para o que está a ser feito no país vizinho. "As elétricas estão com ganhos excessivos, altíssimos, ilegítimos. As produtoras elétricas estão a receber dinheiro a mais", reforçou. 

"Em Espanha o debate tem sido muito aceso, porque há um mecanismo mais automático entre a subida do preço no mercado da energia e a subida na fatura dos consumidores. Em Portugal, a subida não é imediata. Lembro que a ERSE define, até 15 de outubro, os preços para o próximo ano e que as elétricas só garantem só garantem os preços atuais do mercado liberalizado durante este ano. Se nada for feito, o preço é uma bomba relógio nas faturas das famílias portuguesas em 2022", ressalvou. 

"Lembro que Portugal tem dos preços mais altos da energia da Europa em paridade de poder de compra. O aumento da fatura elétrica é um problema social e económico grave", concluiu Catarina Martins. 
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