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Bial critica “medidas restritivas” e reclama “forte apoio do Governo"
O CEO da Bial, que tem investido uma média de 50 milhões de euros por ano, afirmou que “as medidas restritivas” estatais de que o grupo foi alvo nos últimos anos “têm um impacto muito significativo” nos seus projectos, reclamando “um forte apoio do Governo”.
Com 93 anos de existência, empregando actualmente mais de mil pessoas, dos quais 80% com formação superior, nos últimos 25 anos a Bial sintetizou mais de 12 mil novas moléculas, das quais seis estão patenteadas, tendo duas delas resultado na criação dos primeiros dois medicamentos de raiz portuguesa.
Uma performance determinada pela aposta da Bial na inovação, tendo dedicado, em média, cerca de 50 milhões de euros anuais na busca de novas soluções terapêuticas.
Uma média de investimento que, de acordo com os últimos dados conhecidos da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, datados de 2013, faz da farmacêutica da Trofa a segunda empresa que mais investe em I&D em Portugal, a seguir à Portugal Telecom, e a primeira na área da Saúde.
"Apesar do enorme investimento que isto representa para Bial, não temos a escala das grandes multinacionais farmacêuticas. O nosso esforço relativo para levar os novos medicamentos ao mundo é incomparavelmente maior quando comparado com as grandes multinacionais, pelo que as medidas restritivas de que fomos alvo nos últimos anos têm um impacto muito significativo no desenvolvimento dos nossos projectos e na nossa competitividade internacional", enfatizou António Portela, CEO do grupo, esta segunda-feira, durante a cerimónia de assinatura de um novo contrato de investimento, no valor de 37,4 milhões de euros, com a AICEP.
Na presença do primeiro-ministro, o CEO da Bial, suportado por um "power point" em que lidera o "ranking" das empresas de saúde que mais patenteiam em Portugal, António Portela disse acreditar que, "fruto deste investimento em conhecimento, a Saúde pode vir a ter um forte peso no crescimento do PIB nacional nos próximos anos e que deveria ser objecto de um forte apoio do Governo de Portugal".
Tanto mais que, realçou o gestor, "grande parte deste investimento que fazemos hoje acaba por não conseguir vingar, o que faz deste sector, um sector com um risco de negócio enorme".
Investimento no reforço em I&D e na capacidade industrial
Na frente da I&D, a Bial já construiu "duas histórias de sucesso", ao colocar no mercado mundial o antiepiléptico Zebinix, em 2009, e o anti-parkinsoniano Ongentys, em 2016, tendo cada um deles resultado de um investimento da ordem dos 300 milhões de euros.
À venda na Alemanha e no Reino Unido, o Ongentys deverá chegar aos restantes países europeus "durante este ano", com o CEO da empresa a mostrar-se "esperançado que Portugal possa ser já o próximo país" a disponibilizar este medicamento aos doentes de Parkinson nacionais.
"Os próximos passos serão garantir a sua aprovação nos Estados Unidos e no Japão", priorizou Portela, que detalhou o novo investimento de 37,4 milhões de euros da Bial agora contratualizado com a AICEP.
"O nosso compromisso com a I&D a partir de Portugal é firme, como comprova o investimento de quase cinco milhões de euros na duplicação dos nossos laboratórios de I&D" que a comitiva do primeiro-ministro visitou esta segunda-feira.
"Iremos ter a capacidade de duplicar o número de moléculas inovadoras em que trabalhamos, mobilizar novos investigadores para o projecto da Bial, aumentando assim a probabilidade de ter novos sucessos terapêuticos", enfatizou António Portela, filho do "chairman" Luís.
"Mas o nosso compromisso é também industrial", realçou, apontando para o investimento de 12 milhões de euros nesta área, "trazendo para Portugal a produção" dos seus inovadores produtos e assim "fomentando as exportações", que já valem "dois terços" de uma facturação superior a 115 milhões de euros.
"Esperamos continuar a contar com o apoio do Governo português também para estes investimentos em capacidade de I&D e industrial", rematou o gestor.