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Analistas: Fusão tem um potencial elevado mas é preciso ter atenção ao endividamento

O potencial criado pela fusão entre a Portugal Telecom e a brasileira Oi é elevado, salientam os analistas. Mas deixam alguns alertas, nomeadamente a alavancagem da Oi.

02 de Outubro de 2013 às 11:40
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O anúncio da fusão entre a Portugal Telecom e a brasileira Oi foi recebido com euforia pelos investidores, tendo as acções chegado a disparar mais de 20% durante as primeiras horas de negociação. 

 

Pedro Lino, da Dif Broker, explica que a forte valorização de hoje, que culminou com uma subida de 22% na cotação "corresponde exactamente ao ganho esperado em sinergias por parte dos accionistas da PT, ou seja 684 milhões de euros" (1,8 mil milhões de euros de sinergias vezes 38% da participação que corresponde a accionistas da PT).

 

Os analistas consultados pelo Negócios vêem um elevado potencial no novo gigante das telecomunicações, mas alertam para o nível de endividamento da Oi, a que se vai somar a dívida da PT.

 

Diogo Teixeira, analista da Optimize, sublinha ainda que a fusão entre as duas operadoras vai retirar um actor importante do mercado e da economia portuguesa. “A fusão PT/Oi constitui a conclusão lógica de um processo de deslocação progressiva do centro de gravidade da Portugal Telecom em direcção do Brasil. O futuro da PT estava claramente a ser escrito do outro lado do Atlântico”, afirma Diogo Teixeira.

 

O analista considera que não se trata de uma fusão entre iguais e que “a deslocação do centro de decisões para o Brasil retira um actor relevante da praça portuguesa e da economia portuguesa”. Assim, “é uma boa notícia para os accionistas, provavelmente também para os clientes, mas uma má notícia para os cidadãos”.

 

Steven Santos, analista da XTB, vê no anúncio de fusão o nascimento do “gigante lusófono das telecomunicações”, com ganhos evidentes nas sinergias e nas economias de escala. No entanto, recorda que há várias dificuldades no grupo: “o elevado endividamento da Oi - a que se soma agora a dívida da PT -, o mau serviço ao cliente no Brasil, e a forte dependência da Oi face à telefonia fixa (um mercado maduro e com menos potencial de crescimento do que o segmento móvel)”.

 

José Sarmento, analista de mercados da Fincor sublinha que, apesar do endividamento do grupo permanecer elevado, “a nova empresa deverá ficar numa situação mais favorável para se refinanciar junto dos mercados, detendo mais flexibilidade em termos estratégicos”.

 

O mercado acionista reagiu em forte alta ao anúncio da fusão mas, para Steven Santos, o máximo do ano deve servir como zona de resistência. José Sarmento, da Fincor, sublinha a importância da reestruturação operacional no negócio brasileiro que “deverá manter-se fundamental para a evolução da cotação da nova empresa”. “A esse propósito, a forte subida registada na abertura parece-nos por agora reflectir já uma parte importante das expectativas criadas pelo anúncio da operação”, frisa o analista da Fincor.

 

Já o BPI refere numa nota de research que o primeiro sentimento em relação a esta operação “é negativo”, já que não resolve os problemas de alavancagem. “Acreditamos que o mercado estará algo céptico, no início, com as sinergias potenciais dadas as geografias distantes, e o facto de as duas empresas já dividirem o mesmo CEO”, lê-se na nota de research que foi emitida nos primeiros minutos de negociação. Segundo o BPI, alguns dos benefícios já estavam a ser incorporados. 

 

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de “research” emitida pelas casas de investimento, que poderão ser pedidas junto das mesmas. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de “research” na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.

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