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Accionistas do BCP votam hoje alteração nos estatutos

Hoje é o dia da "contagem de espingardas" no BCP. Os accionistas contrários à proposta de Jardim Gonçalves dizem representar 30% do capital, mas o fundador do banco, mesmo que não reúna os votos necessários para aprovar os novos estatutos, pode continuar

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Hoje é o dia da "contagem de espingardas" no BCP. Os accionistas contrários à proposta de Jardim Gonçalves dizem representar 30% do capital, mas o fundador do banco, mesmo que não reúna os votos necessários para aprovar os novos estatutos, pode continuar a ter o apoio da maioria dos accionistas.

O "jogo de sombras" no BCP chega hoje ao fim, com a clarificação das posições dos accionistas do banco sobre qual deve ser o rumo, interno e externo, da instituição. Na assembleia geral (AG) do banco, que hoje se realiza no Porto, será votada a polémica alteração dos estatutos, subscrita por Jardim Gonçalves, presidente do conselho geral e de supervisão, pouco depois de falhada a oferta pública de aquisição sobre o BPI.

Hoje, ainda antes da reunião de accionistas que se inicia às 15h30, o conselho geral e de supervisão, assim como o conselho de administração executivo, vão reunir separadamente.

Na AG, os pontos mais polémicos prendem-se com o reforço dos mecanismos de protecção do banco - elevando de 66,6% para 75% os votos necessários para alterar a blindagem dos estatutos - e do alargamento dos poderes do órgão presidido por Jorge Jardim Gonçalves, que poderá passar a designar o conselho de administração executivo, que até agora é escolhido pela assembleia geral.

A tentativa do fundador do BCP de proteger a instituição de uma tomada de poder, interna ou externa, não terá agradado à geração mais nova dos accionistas e dos órgãos sociais.

Aprovadas ou chumbadas as alterações propostas, ninguém sairá hoje do Palácio da Bolsa como "vencedor" definitivo. Ainda que Jardim reúna mais de dois terços do capital presente na AG já ficou explícito um conjunto de posições contrárias à sua pretensão, designadamente de accionistas como Joe Berardo e João Rendeiro, que têm assumido publicamente que existem divergências entre Paulo Teixeira Pinto e Jardim Gonçalves.

No cenário da proposta ser chumbada, ainda que aparentemente todos os órgãos de gestão saiam derrotados - uma vez que o conselho de administração executivo apoiou formalmente a proposta de alteração do contrato de sociedade -, Jardim Gonçalves pode continuar a ter a maioria dos votos a seu favor. Neste caso, a minoria de bloqueio, ainda que ganhe esta batalha, perceberá que não ganhou a guerra.

Um outro cenário admissível passa pela hipótese do presidente do conselho geral e de supervisão retirar as propostas mais polémicas na AG, invocando os interesses do banco.

João Rendeiro, presidente do Banco Privado Português disse sexta-feira ao Diário de Notícias que 30% do capital do BCP irá votar contra o aumento da blindagem. Além de Berardo, do BPP e dos fundos de investimento estrangeiros, descobrir-se-á hoje se há accionistas "históricos" da instituição que consideram que o tempo de Jardim Gonçalves terminou e saiam em defesa da renovação geracional.

Em Novembro do ano passado, em plena OPA, Fernando Ulrich chamava a atenção para a fragilidade da estrutura accionista do BCP. Ficou agora claro que essa fragilidade não se limita apenas à pulverização do capital, já que a instituição apresenta sinais de falta de coesão, que se tornou evidente e pública nas últimas semanas.

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