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Vitória de Trump faz disparar procura dos norte-americanos por casa em Portugal
Todas as pesquisas apontam para a Europa, com cada vez mais norte-americanos a colocarem o nosso país no top das suas preferências para um novo começo no estrangeiro.
Na primeira metade deste ano, Portugal recebeu mais de um milhão de turistas dos Estados Unidos, o que traduz um crescimento de 15% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já segundo os dados do Relatório de Migração e Asilo de 2023, viviam em Portugal 14.126 norte-americanos, mais 44,2% face a 2022, quando ainda residiam em Portugal 9.794.
Nos últimos anos, Portugal emergiu como um dos principais destinos de relocalização para os americanos, levando um número recorde de pessoas a fixar-se nas regiões de Lisboa, Porto e Algarve.
Entretanto, a vitória de Donald Trump nas últimas eleições pode constituir um grande empurrão para que o nosso país e, em geral, a Europa voltem a ser olhados como um reduto por quem procura um novo começo no estrangeiro.
De facto, após serem conhecidos os resultados das eleições nos Estados Unidos, realizadas a 5 de novembro, até a comunicação social norte-americana dá conta deste possível "êxodo", com cada vez mais cidadãos a colocarem Portugal no top das suas preferências para se estabelecerem no estrangeiro, atraídos não só pelo estilo de vida, mas também pelas oportunidades crescentes de trabalho remoto e por um ecossistema empresarial próspero para a criação de startups, nomeadamente na área da tecnologia.
Ora, Athena Advisers avança dados de plataformas de análise de dados, revelando que o resultado das eleições nos Estados Unidos tiveram impactos imediatos na procura por casa em Portugal.
De acordo com esta consultora imobiliária, que comparou os dados do Google Analytics na semana pré e pós-eleições, foi registado um aumento superior a 26% no tráfego da sua "landing page" sobre Golden Visa.
Já numa análise ao Google Trends, a consultora verificou que os termos "Portugal Property" e "Portugal Golden Visa" estão a registar o maior número de pesquisas nos Estados Unidos dos últimos cinco anos, realçando que esses termos atingiram o pico de popularidade entre os dias 3 e 9 de novembro.
"É neste mesmo sentido que apontam os dados divulgados na semana das eleições nos EUA pela HousingAnywhere, a plataforma de arrendamento de médio prazo da Europa, que observou um aumento de 395% nos utilizadores norte-americanos, após a vitória de Trump, em pesquisas relacionadas com arrendamento de apartamentos e outras tipologias de habitação na Europa", reporta a Athena Advisers, em comunicado.
Entre todos os utilizadores residentes nos Estados Unidos que a 6 de Novembro entraram na plataforma, 66% focou-se na procura de propriedades na Europa, com destaque para Portugal, Espanha e Itália, destaca a mesma consultora imobiliária.
"Valorizam a combinação entre custo de vida acessível, segurança e inclusão de Portugal"
De acordo com a Athena Advisers, estes indicadores revelam que "a vitória de Trump e a crescente polarização política está a ter um impacto significativo na mobilidade dos norte-americanos, que procuram ativamente soluções de relocalização no estrangeiro, contribuindo para a busca de casa e de outros investimentos imobiliários no nosso país, bem como para a procura por ‘vistos gold’".
Recorde-se que a obtenção destes vistos em Portugal através do investimento em imobiliário está vedada desde outubro de 2023, mas há possibilidade de fazê-lo com investimentos noutros setores de atividade, incluindo aplicações em "private equity funds".
Para a Athena Advisers, a procura exponencial por casas para arrendar indica que os americanos "querem uma solução rápida para sair do país e, uma vez em Portugal, procuram analisar a dinâmica da cidade e do próprio mercado imobiliário antes de avançarem para a compra de casa".
"Os nossos clientes olham para Portugal como uma oportunidade de investimento única com uma camada adicional de atratividade - uma governação estável, riqueza cultural e um estilo de vida apelativo", afirma Niamh Erbek, diretora de vendas na Athena Advisers, que à altura das eleições se encontrava num "roadshow" em Nova Iorque.
"No atual clima de polarização, os norte-americanos valorizam especialmente a combinação entre custo de vida acessível, segurança e inclusão de Portugal", elenca Niamh Erbek, que na sua vista aos Estados Unidas pôde observar que "cada vez mais investidores são atraídos pelas vantagens do Golden Visa, não só como um ativo financeiro, mas como uma porta de entrada para a estabilidade e qualidade de vida".
Por sua vez, David Moura-George, diretor da consultora imobiliária em Portugal, começa por salientar que "a política é uma das razões mais frequentemente citadas para a recente onda de migração americana para Portugal a que temos assistido na Athena Advisers".
"E ainda que Portugal e a Europa não estejam isentos das suas próprias questões políticas e sociais, com o acesso à habitação na ordem do dia, a moderação da retórica divisiva faz com que os norte-americanos sintam o nosso país como um refúgio, onde contam com um ambiente estável, um sistema de saúde público bem classificado a nível mundial e custos de saúde privados muito inferiores aos equivalentes americanos, além de escolas internacionais de excelência", aponta David Moura-George.
Por outro lado, conclui, "apesar da subida global e generalizada dos preços, o custo de vida em Portugal continua a ser um atrativo, especialmente se o compararmos com as grandes cidades dos EUA que muitos americanos estão a deixar para trás."
O aumento dos preços do imobiliário português é uma realidade desde há alguns anos, mas os imóveis no segmento médio-alto, no qual a Athena Advisers atua, "continuam competitivos quando comparados com outras capitais europeias", garante a consultora imobiliária.
De acordo com a Athena Advisers, o preço dos imóveis no segmento residencial "prime" numa boa localização em Lisboa ronda, em média, os nove mil euros por metro quadrado, "ao passo que a média de outras capitais na Europa atinge os 16 mil euros por metro quadrado".
Também relativamente às receitas no mercado de arrendamento para imóveis de primeira linha, Lisboa oferece uma "yield" média de 4,6%, enquanto a média europeia ronda os 3,72%, remata a mesma consultora imobiliária.