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Como Warren Buffet ajudou o fundo de pensões do Washington Post a ter um excedente de mil milhões
Com a venda do Washington Post a Jeff Bezos saltou à vista o excedente de mil milhões de dólares do fundo de pensões da publicação norte-americana. Um saldo que contrasta com os défices da maior parte dos fundos desta categoria. A história começa com uma carta assinada por Warren Buffet, há quase 40 anos.
Warren Buffett divulgou a carta que enviou, há 40 anos, à presidente do Washington Post, Katharine Graham, onde faz recomendações relativas ao fundo de pensões da empresa. Estas adoptadas pela gestora e o resultado é um saldo positivo do fundo de pensões, num marcado contraste com a generalidade dos fundos de pensões, refere a "Fortune".
A curiosidade sobre o documento foi acentuada pela aquisição do jornal histórico norte-americano pelo presidente e fundador da Amazon, Jeff Bezos. A operação implicou a transferência de parte do fundo de pensões para o novo proprietário e revelou um saldo excedentário de mil milhões de dólares, segundo explica a revista norte-americana.
Há quase 40 anos, a família que controlou o jornal que denunciou o escândalo do Watergate durante várias décadas decidiu alterar a sua política investimento do fundo de pensões. A história começou com a carta que Warren Buffett endereçou a Katharine Graham, então presidente executiva (CEO) e do conselho de administração do jornal.
As sugestões contidas no documento são familiares a quem conhece o estilo de investimento do Oráculo de Omaha. Contudo, a carta data de 14 de Outubro de 1975 e constitui um testemunho antigo da filosofia de investimento que viriam a tornar Buffett no homem mais rico do mundo.
Então com 45 anos de idade, Buffett recomendou a Katharine Graham que abandonasse o serviço de gestão de fundos de pensões fornecido por uma gestora de Wall Street. A área de gestão profissional de fundos não pode, como um todo, apresentar um resultado acima do mercado, defendia.
"Constitui, simplesmente, uma fatia demasiado grande do mercado", advertiu a carta de Warren Buffett, citando a estimativa de 70% do mercado que era movimentado por gestores profissionais. Além disso, esta categoria de investidores tende a seguir as mesmas "modas" e não poderia apresentar um desempenho superior.
"Qualquer ideia de que 70% do ambiente de investimento terá ganhos superiores à média, é uma situação análoga à do sujeito que se senta à mesa de póquer e diz: 'bem, meus caros, se jogarmos com cuidado, todos devemos conseguir ganhar algum dinheiro'", ilustrou Warren Buffett.
O presidente da Berkshire Hathaway também pôs de lado o investimento em obrigações, já que este oferecia fraca protecção do risco de inflação elevada. A recomendação, que foi seguida, foi a de constituir uma equipa para investir com perspectivas de longo prazo e sem tomar em consideração as oscilações de curto prazo do mercado.
A escolha dos investimentos deveria recair sobre empresas que oferecessem segurança e um retorno adequado. Seria possível superar ligeiramente o desempenho do mercado e os ganhos poderiam compôr-se de forma substancial no longo prazo. Em 1975, o fundo de pensões detinha 12 milhões de dólares e Buffett calculou que esse montante atingisse os 20 milhões, em 10 anos.
“A principal vantagem que estabelecer uma ‘divisão de pensões’ teria, seria o valor atractivo de compra de participações em negócios – muito abaixo dos que se praticam para comprar empresas inteiras”, explicou. “Se as aquisições não puderem ser feitas a preço ‘de desconto’, simplesmente esperamos até que possam”, afirma a carta.
À data da conclusão da venda do Washington Post, no início de Agosto, os activos do fundo eram de 2,4 mil milhões de dólares. Já as obrigações para com ex-funcionários ficavam-se pelos 1,4 mil milhões de dólares. O saldo positivo contrasta com o da generalidade destes fundos. Nos Estados Unidos da América, em média, estes fundos cobrem apenas 90% dos seus encargos previstos.