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Bezos: O investidor que fala no longo prazo
As acções da Amazon são prova de que Jeff Bezos nem sempre olha para o curto prazo. Já fez maus negócios. Já perdeu dinheiro. Mas está na lista dos mais ricos da Forbes, com uma fortuna avaliada em 25 mil milhões de dólares.
Aos 49 anos está na lista dos mais ricos do mundo. A Forbes avalia a sua fortuna em 25 mil milhões de dólares. Jeff Bezos fundou a Amazon e agora surpreende ao adquirir, em nome pessoal, o Washington Post. De empreendedor tecnológico passa a empresário de media.
A história financeira de Bezos é hoje recordada nos vários perfis que os jornais escrevem. Muitas vezes tem defraudado as expectativas dos investidores e dos analistas que querem a Amazon a dar lucros rapidamente e de forma mais consistente. Mas Bezos mantém-se firme na convicção de que é um investimento de longo prazo.
Há uns anos, um artigo da "Fast Company" titulado "o que vai na cabeça de Bezos", escrevia que "as suas melhores decisões não podem ser suportadas em estudos e folhas de cálculo. Toma decisões assentes em ideias que são demasiado grandes e ambiciosas e de demasiado longo prazo para serem tentadas em pequenos testes antes de avançar".
Só no nono ano de operação é que a Amazon conseguiu ter lucros e sete anos depois de estar cotada. No ano passado chegou a declarar à Fortune: "as três grandes ideias na Amazon são o pensamento de longo prazo, a obsessão no cliente e a vontade de inovar". É o que tem feito, com o lançamento do "tablet" para leitura de livros, o Kindle, que o levou depois a entrar na indústria de edição de livros. Os lucros da Amazon são erráticos e Bezos vai apelando ao "longo prazo", que, diz, "ainda está para vir".
Em 2012, foi considerado o empresário do ano.
A aversão pelo curto prazo nem parece vinda de um gestor que até trabalhou em Wall Street. Depois de estudar ciência de computadores e engenharia electrónica na Universidade de Princeton, Jeff Bezos tornou-se, em 1990, um dos mais jovens vice-presidentes seniores na firma de investimentos DE Shaw. Ganhava bem, mas decidiu, quatro anos depois, sair para fundar a Amazon. Viajou de Nova Iorque até ao outro lado dos Estados Unidos, instalando-se em Seattle.
Diz ser um "inventor de garagem" e a alunos de Princeton revelou ter criado, em jovem, um fogão solar feito com um guarda-chuva e folha de de estanho ou ainda um portão automático feito de pneus enchidos com cimento. Não resultou muito bem, confessou. Mas teve outros desaires. Em 1999, investiu como accionista maioritário no site Pets.com e pagou 60 milhões por uma participação no Kozmo.com. Ambas as companhias já não estão activas.Também tentou criar um concorrente ao site de leilões eBay. Também não teve sucesso.
As suas "aventuras" pessoais levaram-no a investir numa empresa, a Blue Origin, em 2000, para desenvolver um veículo espacial, tendo mesmo adquirido terrenos no Texas para servir de local de lançamento. É a sua paixão pelas viagens espaciais que o move. Também foi noticiado que investiu 42 milhões de dólares para desenvolver um relógio dentro de uma montanha no Texas desenhado para durar 10 mil anos. O longo prazo.
Agora no registo das "aventuras" pessoais regista-se a compra por 250 milhões de dólares do Washington Post, investimento não associado à Amazon, mas que os analistas já vêem sinergias.
No perfil publicado pelo Washington Post fala-se de Bezos como cerebral, exigente, curioso e dado a fazer perguntas desafiantes. Tende a demonstrar pouca tolerância para quem não se prepara, mas, continua a descrição do Post (o jornal que acabou de comprar), pode ser charmoso e de gargalhada fácil. "Se o Jezz está triste, esperem cinco minutos", disse a sua mulher.