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Notas da semana de Marques Mendes no Negócios

A análise de Luís Marques Mendes ao que marcou a última semana da vida nacional e internacional. Os principais excertos da sua intervenção na SIC, nos temas escolhidos pelo Negócios

14 de Agosto de 2016 às 21:29
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JOGOS OLÍMPICOS

1. Plano geral – Um destaque – Michael Phelps
• O atleta mais medalhado de sempre
• 5ª participação nos Jogos – 5º sucesso (6 medalhas, 5 de ouro).

2. Plano nacional
a) Uma boa notícia – Medalha de Bronze para Telma Monteiro (já tinha ganho tudo e que havia a ganhar).
b) Algumas desilusões – A eliminação da equipa de futebol e do ténis de mesa.
c) Algumas esperanças para os próximos dias:
• Canoagem (Fernando Pimenta);
• Atletismo (Patrícia Mamona, Nelson Évora);
• Taekwondo (Rui Bragança).

FUTEBOL – OS DESAFIOS DOS TRÊS GRANDES

1. Começou o Campeonato Nacional de Futebol. Desafios dos 3 grandes?
a) FCPorto – Está "obrigado" a ganhar. A pressão está toda em cima de Pinto da Costa.
• Pressão interna: em 30 anos de Presidente nunca esteve 4 épocas seguidas sem ganhar um campeonato. Se ganhar, dá a volta ao período negro dos últimos anos. Se perder, a contestação passa a ser directamente ao Presidente.
• Pressão na Liga dos Campeões – Em 24 edições da Liga dos Campeões só 4 vezes o FCPorto não esteve na fase de grupos. Se agora é eliminado pela Roma, é um mau sintoma.
• Conclusão: A pressão é muito grande em cima do FCPorto e sobretudo em cima de Pinto da Costa. Está tudo sobre brasas.
b) Sporting – Está também "obrigado" a ganhar. Mas aqui a pressão está toda em cima de Jorge Jesus. O treinador criou a ideia de que era um ganhador, independentemente do clube em que estivesse.
• Se o Sporting vencer, o campeonato, Jesus é levado aos ombros.
• Se o Sporting perder, a aura de Jorge Jesus sofre um forte abalo e a sua permanência no Sporting é um grande ponto de interrogação.
• E falta saber com que matéria prima ficará (Slimani, João Mário, etc).
c) Benfica – É dos 3 grandes o único que não está sob pressão. Afinal, em toda a sua existência o Benfica nunca ganhou um tetra (nunca ganhou 4 campeonatos seguidos). Conclusão:
• Se ganhar o tetra, Luís Filipe Vieira faz história.
• Se não ganhar, nada lhe será cobrado. Ninguém lhe pedirá responsabilidades.

2. Em conclusão:
• Prevejo um campeonato muito competitivo, muito polémico e com um ambiente de cortar à faca.
• O Sporting e o Porto sempre no fio da navalha. O Benfica com uma época mais tranquila mas igualmente desafiante.

A POLÉMICA DA CGD

1. A saga da CGD continua. E com ela as autoridades continuam a dar tiros nos pés. É difícil encontrar tanta leviandade junta. Factos:

a) Nova Administração – Finalmente, no final deste mês, vamos ter nova Administração da Caixa. Já não era sem tempo. Mas para a história fica esta leviandade: o Banco do Estado esteve 2/3 do ano (oito meses) sem uma administração em plenitude de funções. Deve ser um recorde mundial, digno do Guinness. Assim não admira que a imagem do Banco público se degrade.

b) Depósitos – Há poucas semanas, o ainda Presidente da Caixa, José de Matos, tinha dito que era falso que a Caixa tivesse perdido depósitos. Esta semana veio a saber-se que no 2º trimestre deste ano a Caixa perdeu 1,4 mil milhões de Euros em depósitos. Não admira. Com tanto ruído em torno da Caixa, as pessoas assustam-se.

c) Nova Equipa de Gestores – Tinha sido dito que a Caixa ia ter 19 Administradores. E que estava tudo acertado com o BCE. Afinal o BCE impôs-se às autoridades portuguesas e vamos ter apenas 11. Na prática vários nomes propostos foram "chumbados". Conclusão: Temos pessoas convidadas e agora desconvidadas. Uma precipitação por parte de quem convidou e uma humilhação para quem é convidado e desconvidado. Parece uma brincadeira de crianças.

d) Presidente – Tinha sido dito que António Domingues seria Chairman e CEO (Presidente da Administração e da Comissão Executiva). Afinal já não vai ser assim. O BCE impos a separação de funções. Mais uma guerra perdida pelas autoridades portuguesas. Pior era difícil.

e) Última questão – Uma pergunta inconveniente. Praticamente todos os membros propostos para a Comissão Executiva são quadros do BPI. São pessoas sérias e competentes. Mas são quadros de um Banco concorrente. Agora, vão para a Caixa. Muito bem. Mas mantêm vínculo ao BPI? No final, voltam ao BPI? Isso não suscita conflito de interesses? É que à mulher de César não basta ser sério. É preciso também parecê-lo.

f) Em conclusão:
a) Uma derrota das autoridades portuguesas perante o BCE.
b) Um processo conduzido irresponsavelmente na praça pública.
c) Um novo Presidente – sério, competente e muito profissional – que inicia funções já fragilizado.

ECONOMIA EM BAIXA

1. Saíram anteontem dados do INE sobre o crescimento da economia no 2º trimestre.

2. Estes dados são uma má notícia para o país e uma bofetada na estratégia do Governo.
a) Má notícia para o país – Estes dados revelam que este ano vamos crescer entre 0,8% e 1%, no máximo. É pior que em 2015, ano em que crescemos 1,5%. Ou seja, no ano passado tivemos um crescimento anémico; este ano passamos de mau a pior.
b) Bofetada na estratégia do Governo – O Governo tinha prometido tudo ao contrário do que está a suceder.
• Prometeu mais crescimento – Temos menos crescimento.
• Prometeu que a reposição de salários ia melhorar o consumo – Ora, o consumo abranda em vez de aumentar.
• Prometeu acelerar os fundos estruturais para haver mais investimento – Ora, o investimento está em queda acelerada.

3. Consequências deste resultado
a) Politicamente é um Murro no Estômago para a Geringonça. Poucos notaram que PS/BE/PCP não abriram a boca e o MF até cancelou uma Conferência de Imprensa.
b) Financeiramente, o défice abaixo de 3% vai ser mais difícil de alcançar. Vai haver mais cortes no investimento público, nas empresas públicas e nos serviços públicos.

O DRAMA DOS INCÊNDIOS

1. Quatro pontos prévios:
a) Tivemos uma semana catastrófica. No Continente e em especial na Madeira.
b) Notável a acção dos Bombeiros – Estes, sim, bem merecem uma condecoração presidencial.
c) Nos políticos, oscilamos entre o Bom e o Péssimo – Bom o Presidente da República na ida à Madeira; Bom o primeiro-ministro; Desastre – MAI que demorou a perceber que um ministro deste sector não faz férias quando o País está a arder e quando os Bombeiros dão o corpo ao manifesto.
d) Quanto ao discurso é a lengalenga habitual, que já cansa – Falta prevenção, limpeza e ordenamento; basta; agora é que vai ser. Já não há paciência para uma lengalenga que tem mais de 20 anos.

2. E, todavia, há algumas verdades inconvenientes que têm de ser ditas:
a) Primeiro: Tirando o mês de Agosto, em que muito se fala de incêndios, os restantes 11 meses do ano ninguém se preocupa mais com os incêndios. E aqui a culpa é repartida: é dos governos, é das oposições e é da comunicação social.
b) Segundo: Há demasiados lobbies a mandar na questão dos incêndios. O lobby dos meios aéreos; e o lobby da indústria do fogo que ganha dinheiro com os incêndios. É preciso pôr ordem na casa.
c) Terceiro: O peso político dos ministros. O MAI, responsável pelo combate, tem em regra grande peso político; os ministros da Agricultura e Ambiente, responsáveis pela prevenção, em regra, têm pouca força política. Conclusão: o orçamento dos meios de combate sobe, o orçamento da prevenção marca passo.
d) Finalmente, mais uma verdade politicamente incorrecta: Devíamos ter a coragem de aprender com os bons exemplos. É o caso das celuloses.
• Olhemos para a Portucel. As suas matas estão limpas e fortemente vigiadas. Por isso, não ardem. A empresa não se pode dar ao luxo de perder a sua matéria prima.
• Por que é que não copiamos estes exemplos? Não há nada a inventar.

3. Duas sugestões a concluir:
a) Ao PM – Um Conselho de Ministros extraordinário, presidido pelo PR.
b) Ao PR – Uma abordagem em Conselho de Estado.

OS DESAFIOS DO PSD

O PSD faz hoje a sua rentré política. A questão é a de saber quais são os principais desafios do PSD para o ano político que agora começa. A meu ver são 3:

1. Primeiro: Vencer as eleições autárquicas do próximo ano. E ter candidatos de peso, sobretudo em grandes centro urbanos (casos de Lisboa, Coimbra ou Leiria). Se vencer as autárquicas, o PSD dá um salto grande com vista às eleições nacionais. Se perder, pode entrar em crise, designadamente em crise de liderança.

2. Segundo: Mudar o discurso. O PSD tem tido um discurso muito virado para o passado, excessivamente negativo, demasiado centrado na temática financeira. O PSD tem vantagem em mudar sem se descaracterizar – tem vantagem em ter um discurso de futuro, um discurso de esperança, um discurso abrangente (envolvendo as finanças e a economia mas também as questões sociais, o desenvolvimento sustentável, a problemática dos jovens, as temáticas da cultura, da ciência e da tecnologia).

3. Terceiro: Criar uma equipa de porta-vozes para as várias áreas sectoriais. O PSD está excessivamente concentrado no seu líder. É Passos Coelho e pouco mais. O PSD precisa de ter outros protagonistas, outras caras, outros actores políticos. Precisa de fazer combate sectorial. Precisa de ter propostas políticas alternativas. E precisa de porta-vozes que sejam figuras diferentes e credíveis. Figuras do futuro e não do passado.

A MELHORIA DA NATALIDADE

Finalmente, uma boa notícia: pelo segundo ano consecutivo estão a nascer mais bebés em todo o país (investigação do "Público").
1. Em 2015 tivemos mais 3 mil nascimentos quem em 2014.
2. No 1º semestre deste ano já há um aumento de 5% do número de nascimentos em relação a 2015.
3. Ou seja, depois da queda dos últimos anos (sobretudo 2009 e 2010), em que passámos dos 100 mil nascimentos/ano para cerca de 80 mil, a tendência está a inverter-se. Podemos chegar este ano a perto de 90 mil.
4. Ainda é cedo para falar de uma inversão de tendência consolidada. E os aumentos ainda são relativamente pequenos.
5. Uma coisa, porém, é certa: os casais portugueses parece que passaram a ter mais confiança no futuro e decidiram arriscar ter o segundo e até o terceiro filho.

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