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Pressão alta da dívida dos clubes força vendas recorde

Mais vendas, menos compras. Saldo das transferências da liga portuguesa mais que duplica este defeso em relação ao ano anterior. Valor das vendas supera em 190 milhões de euros a quantia investida em compras de novos reforços.

Os clubes de futebol europeus com maiores lucros operacionais em 2015.
Reuters
06 de Agosto de 2017 às 23:30
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O que se está a pagar é de loucos", disse José Mourinho nesta época de transferências. "Enquanto houver dívida para controlar , não vamos parar de vender", avisou Luís Filipe Vieira na semana passada. As SAD portuguesas estão a aproveitar a febre do mercado de transferências para baterem recordes de vendas. E, dada a situação financeira frágil, não há grandes opções tácticas a não ser vender para contra-atacar a pressão cada vez mais alta da dívida.

Neste defeso, no total da Liga portuguesa, o saldo de transferências é de 190 milhões de euros (226 milhões em vendas e 36 milhões investidos em reforços). A faltar ainda quase um mês para o fim da janela de transferências, o montante bate já todos os recordes. No defeso de 2016, o saldo tinha sido de 125 milhões de euros, segundo cálculos do Negócios baseados em dados da Transfermarkt, um site especializado no mercado de transferências e valor de mercado dos jogadores. O montante engloba o valor global das transferências sendo que, em alguns casos, os passes não são detidos a 100% pelos clubes e esses negócios têm ainda despesas com comissões.

Benfica e Porto vendem, Sporting reforça

O Benfica é o clube que mais contribui para os recordes das  transferências. As vendas superam em quase 110 milhões de euros as compras, pulverizando recordes.   Segundo os dados mais recentes, relativos ao final de 2016, a SAD encarnada tinha de refinanciar, durante a totalidade de 2017, 147 milhões de euros em empréstimos bancários e papel comercial.

Na estratégia de gestão da dívida, o Benfica fez uma emissão de 60 milhões de euros em obrigações para estender a maturidade média da dívida, "através do refinanciamento de operações bancárias contratualizadas com o Novo Banco". Ainda assim, o saldo vivo de obrigações dos encarnados é cada vez maior. Tem três séries activas no valor de 155 milhões de euros. Em 2018 vencem 45 milhões em obrigações. No ano seguinte 50 milhões. E, em 2020, 60 milhões.

Também o Porto contribui para o saldo das transferências. Os azuis e brancos estão obrigados a vender depois de a UEFA ter castigado o clube por incumprimento do "fair play" financeiro, devido aos défices da actividade. Fernando Gomes, administrador financeiro dos dragões, admitiu em Junho que o "FC Porto tem de vender jogadores".

Neste defeso, o valor das transferências ultrapassa em 61 milhões de euros o investimento em contratações. No final de 2016, data dos dados mais recentes, a SAD azul e branca previa ter de refinanciar mais de 150 milhões de euros durante este ano e 2018. Só em obrigações terá de reembolsar 45 milhões em obrigações no próximo ano.

Ainda com cerca de um mês de fechar o mercado, o Sporting aparece como o único entre os três grandes a investir mais do que o valor angariado em vendas no defeso. O valor das compras supera em 3,5 milhões de euros o das vendas. Os verde-e -brancos enfrentam um reembolso de obrigações de 30 milhões no próximo ano. E têm cerca de 130 milhões em valores mobiliário obrigatoriamente convertíveis, mas com vencimento apenas em 2026, prazo estendido após o acordo de reestruturação financeira feito em 2014.

Sporting campeão da pré-época na bolsa

Apesar dos milhões que Benfica e Porto têm feito com transferências, na bolsa as acções que mais têm subido desde o final de Junho são as do Sporting. Valorizam mais de 8%, acima dos 6,45% conquistados pelo índice que reúne os clubes europeus cotados em bolsa. No mesmo período o Benfica sobe 2,84%. Já as acções do Porto estão inalteradas na pré-temporada.

Nos últimos anos, a pré-época mais quente em bolsa aconteceu em 2015. As acções do Sporting ganharam mais de 70% entre final de Junho e 4 de Agosto, desempenho que coincidiu com a contratação de Jorge Jesus. De referir, no entanto, que as acções das SAD portuguesas têm reduzida liquidez, o que amplifica as subidas e descidas. E os analistas referem que são mais um investimento de emoção do que de razão. 

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