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Geraldes: "Quero acreditar que nenhum presidente do Sporting pediria" que se atacasse Alcochete

Antigo braço direito de Bruno de Carvalho e team manager dos "leões" quebrou o silêncio numa entrevista à CMTV. Negou ser "corrupto", diz estar de "consciência tranquila" e diz que "ninguém podia prever o que se passou em Alcochete".

Paulo Calado
Sábado 19 de Novembro de 2018 às 23:05

O antigo dirigente do Sporting André Geraldes, que abandonou o clube devido a uma investigação a um possível caso de corrupção desportiva, garantiu que não é "corrupto" e negou que alguma vez tenha dado instruções a quem quer que seja para subornar árbitros ou adversários para, com isso, beneficar os "leões". Da mesma maneira, negou que o antigo presidente dos "verde e brancos" Bruno de Carvalho lhe tenha pedido para subornar qualquer pessoa. 

"Evidentemente que não. Não sou corrupto", respondeu quando questionado se era corrupto, durante uma entrevista exclusiva à CMTV. "Estou de consciência tranquila e as pessoas que me conhecem sabem o valor que posso acrescentar aos clubes. Aguardo com seneridade o desenvolvimento da investigação. Há-de ser feita justiça", acrescentou, recordando que não podia dar mais detalhes sobre a investigação que ainda se encontra em segredo de justiça.

Confrontado com algumas das mensagens que lhe foram atribuídas e que originaram a investigação do processo Cashball, Geraldes negou que tenha sido o autor das mesmas. "O Ministério Público terá que provar que esta mensagem saiu do meu equipamento", atirou. "Não conheço esta mensagem", acrescentou ainda, além de referir que Bruno de Carvalho "nunca" lhe pediu para subornar ninguém.

"Podemos estar aqui a noite toda mas eu não vou sair disto. O processo está em segredo de justiça, não vou beslicar a justiça. Se calhar, vamos descobrir outra verdade no final de tudo isto", disse também. 

O antigo dirigente falou ainda sobre o ataque à Academia de Alcochete, começando por recordar o momento de instabilidade que se vivia em Alvalade em Maio. "O André Geraldes tinha a responsabilidade de gerir o futebol profissional. Se recuarmos à altura dos factos, o André Geraldes tinha o clube virado ao contrário, não sabia se tinha treinador despedido ou não. Tinha uma data de coisas para lidar, estava a tentar fazer o papel da ONU...", explicou, quando questionado se teria feito tudo para evitar o ataque ao centro de treinos. "Cada pessoa tem uma pasta numa estrutura de uma SAD. Há quem tivesse essa responsabilidade."

Geraldes recusou ainda comentar a possibilidade de BdC estar de alguma maneira envolvido com os incidentes de 15 de Maio, tal como defende a acusação da investigação liderada pela procuradora Cândida Vilar. "Quero acreditar que nenhum presidente do Sporting pediria às pessoas para fazerem o que se vê nas imagens" do ataque a Alcochete, frisou. "Bruno de Carvalho foi meu presidente de cinco anos. Não contem com um achincalhamento público. Eu penso pela minha cabeça, não penso a reboque de ninguém. BdC fez um excelente primeiro mandato, um excelente início de segundo. Mas o proprio já assumiu que, a partir de Janeiro, as coisas nao lhe saíram tão bem." 

O ex-team manager falou ainda dos incidentes no aeroporto do Funchal, na Madeira, onde alguns elementos da claque Juventude Leonina ameaçaram jogadores, mas assume que não pensou que algo deste género pudesse acontecer. "Ninguém podia prever o que se passou em Alcochete", defendeu. "A própria polícia emitiu um comunicado, dias depois do ataque, a dizer que era perfeitamente imprevisível", rematou.

Este domingo, o jornal Record anunciou que André Geraldes vai assumir o cargo de director-executivo da SAD do Farense. O antigo dirigente "leonino" estava proibido de contactar com figuras do desporto devido ao processo Cashball, mas o Ministério Público do Porto não deduziu a acusação dentro do prazo legal de seis meses – o que também fez cair as medidas de coacção.

Já em relação aos ataques à Academia de Alcochete, Geraldes não foi constituído arguido pelo Ministério Público por falta de indícios fortes. Segundo a acusação, a investigação conduzida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa ficou incompleta, por não lhe trem sido fornecidas informações sobre intercepções telefónicas a André Geraldes, realizadas no âmbito de outro processo, que poderiam ser relevantes para este inquérito.

"Apesar das insistências verbais e agora por escrito, nunca nos foi facultada qualquer informação sobre as intercepções telefónicas ao alvo André Geraldes", lê-se no despacho assinado pela procuradora Cândida Vilar.

O MP considera que, mesmo que André Geraldes tenha apagado conversações que o pudessem relacionar com a preparação do ataque de 15 de Maio e com outros ataques aos jogadores do Sporting, "estando o telefone móvel interceptado, poderão existir conversas e mensagens que seriam relevantes para a prova nos presentes autos".

Para suportar a sua convicção, o MP diz que Bruno Jacinto, um dos 38 arguidos que estão em prisão preventiva e que era oficial de ligação aos adeptos à data dos factos, declarou que tinha avisado André Geraldes por mensagem de que elementos da claque Juventude Leonina iam à Academia do Sporting, em Alcochete.

Não tendo recebido informação da PJ, nem tendo conseguido extrair conteúdos supostamente apagados do telemóvel de Bruno Jacinto, que também não esclareceu o tipo de mensagem enviada, o MP considerou que "não existem indícios fortes de que André Geraldes sabia da preparação do ataque à Academia de Alcochete e contribuiu para a sua execução", pelo que não foi constituído como arguido.

*Com Lusa

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