Notícia
Benfica interessado em entrar na gestão de clube da Premier League
O Benfica está a ponderar entrar na gestão de um clube “do meio da tabela” da Premier League, para aproveitar a verba que as equipas britânicas recebem pelas transmissões televisivas. O contrato com a NOS está a ser revisto.
O Benfica quer entrar na gestão de um clube inglês da Premier League, revelou o administrador da SAD, Domingos Soares de Oliveira, à revista Forbes. A ideia é aproveitar as enormes receitas televisivas que são distribuídas às equipas que jogam no principal escalão do futebol inglês. A entrada na gestão do clube seria feita de "forma limitada", e o clube em questão manteria o seu nome, mas poderia acrescentar a designação "Powered by Benfica".
Num trabalho publicado na edição portuguesa da Forbes dos meses de Julho e Agosto, Domingos Soares de Oliveira assinala que qualquer clube que seja promovido à Premier League recebe cerca de 120 milhões de euros de receitas provenientes dos direitos televisivos. E é nessa verba que o Benfica está de olho.
O objectivo do Benfica é exportar o modelo de negócio dos encarnados para esse clube, que ainda não está escolhido, e fazê-lo crescer e aumentar a rentabilidade.
"Quando o dinheiro é muito, as pessoas preocupam-se menos com a optimização do seu volume de negócios. Nós temos uma experiência de dez ou quinze anos em que, sem dinheiro, tivemos de optimizar o nosso modelo, chegando ao ponto de hoje o Benfica ser uma empresa que está finalmente a conseguir diminuir a alavancagem feita em cima da dívida", declarou Soares de Oliveira à Forbes.
De acordo com o estudo "The European Elite 2017", realizado pela KPMG, o Benfica conseguiu transformar em lucro 30 milhões de euros em cada 100 milhões de receitas.
Ao Negócios, fonte oficial do Benfica diz que o clube ainda está a analisar o mercado e que não tomou ainda qualquer decisão. Por isso, a entrada na gestão desse clube não será para concretizar na próxima temporada desportiva, que se inicia oficialmente no mês de Agosto.
Em Inglaterra, os direitos televisivos dos jogos estão centralizados e são distribuídos por todos os clubes em duas componentes. Uma fixa, igual para todos, que representa metade das receitas televisivas e comerciais da Premier League, e uma variável, que oscila conforme o número de jogos que forem transmitidos em directo (Facility Fee) e a performance desportiva (Merit Payment). No ano passado, o campeão Chelsea encaixou um total de 172 milhões de euros com os direitos televisivos e comerciais da Liga Inglesa.
O Sunderland, que foi o último classificado na última época desportiva (e, por isso, despromovido), conseguiu amealhar 106,5 milhões de euros. No total, a Premier League distribuiu pelos 20 clubes do principal escalão um total de 2.733 milhões de euros.
Em Portugal, o tema dos direitos televisivos esteve ao rubro no final de 2015, depois de o Benfica os ter vendido à Nos por 400 milhões de euros por 10 temporadas. O valor anual rondará os 30 milhões de euros por temporada (a distribuição da BTV renderá outros 10 milhões anuais). O FC Porto vendeu-os à Meo por 29 milhões de euros anuais (457,5 milhões no total), e o Sporting também à Nos por um valor de cerca de 27 milhões de euros (515 milhões no total), de acordo com um levantamento da Finance Football. Nestes dois casos, porém, o acordo só entra em vigor em 2018.
Os contratos anunciados pelos clubes têm cláusulas, cedências e condições muito distintas entre si - por exemplo, no caso do Sporting e do FC Porto, os valores totais incluem o patrocínio das camisolas. Ainda assim, os acordos de cedência dos direitos dos três grandes são válidos para 10 épocas desportivas (no caso do Benfica, o contrato é renegociado ao fim de três anos).
Também à Forbes, o administrador da SAD garante que existem "conversações em curso" com a Nos que poderão conduzir a uma subida do valor que o Benfica encaixa pelos direitos televisivos, embora sem concretizar valores. "Estamos em condições de ter um acordo satisfatório", afirmou. Esta renegociação já havia sido anunciada por Luís Filipe Vieira logo no final de 2015.
Notícia actualizada com mais informação às 12:50