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Benfica e Porto facturaram mais de mil milhões a vender jogadores para as principais ligas

Entre os 20 clubes que mais dinheiro ganharam a vender jogadores para as principais ligas europeias, só dois não integram essas próprias ligas. E os intrusos são dois clubes portugueses. O Benfica aparece em 9.º lugar e o Porto em 11.º.

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O fosso entre as maiores ligas de futebol europeias e as restantes é cada vez maior, o que se tem vindo a reflectir nas competições europeias, onde os primeiros lugares são quase sempre ocupados por clubes espanhóis, ingleses, italianos, franceses ou alemães.

 

Um estudo publicado esta semana pelo CIES Football Observatory mostra que ao nível das transferências de jogadores o "campeonato" é feito sobretudo entre as cinco maiores ligas, o que também ajuda a aumentar a distância para as ligas de menor dimensão, como é o caso da portuguesa.

 

Este observatório analisou as transferências de jogadores por equipas europeias desde 2010 até ao mais recente mercado de Verão e concluiu que a grande fatia do dinheiro fica dentro dos clubes destas ligas. 66,6% do dinheiro gasto pelos clubes destas cinco maiores ligas (denominadas "Big Five") desde 2010 ficou nos clubes destes campeonatos. Em 2018 esta percentagem subiu para 69,9%, o que "mostra que as transferências mais caras envolvem jogadores com provas dadas numa destas cinco ligas", refere o CIES.

 

 

O ranking dos clubes que mais encaixaram com as transferências de jogadores para equipas das maiores ligas é ainda mais elucidativo de como o topo do futebol europeu quase se resume aos clubes das Big Five.

 

Entre os 20 clubes que mais dinheiro ganharam a vender jogadores para estas ligas (ver fotogaleria em cima), só dois não integram essas próprias ligas. E os intrusos são dois clubes portugueses. O Benfica aparece em 9.º lugar e o Porto em 11.º.

 

Os encarnados encaixaram 618 milhões de euros a vender jogadores para as grandes ligas desde 2010, enquanto o Porto embolsou 510 milhões de euros neste período.

 

Juntos, os dois clubes que nos últimos anos têm vencido a Liga portuguesa encaixaram mais de mil milhões de euros só a vender jogadores para os grandes clubes europeus. Dinheiro que mostra como os clubes portugueses apostaram no modelo de negócio de exportar jogadores para equilibrar as suas contas, embora os anos de ouro de transferências milionárias estejam já algo distantes, como mostram os valores envolvidos na última janela de transferências.

 

Na análise desde 2010, os clientes de Benfica e Porto estão em todas as cinco maiores ligas, com destaque para a inglesa e espanhola. As vendas de jogadores como Ederson (para o Manchester City), Renato Sanches (Bayern de Munique) e Gonçalo Guedes (PSG) ajudam a explicar os milhões encaixados pelos encarnados. As transferências de Falcão (Atlético de Madrid), James Rodriguez (Mónaco) e Danilo (Real Madrid) foram das mais relevantes para os cofres dos azuis e brancos.

 

Todos os outros clubes no ranking dos 20 que mais dinheiro encaixaram pertencem já às Big Five. O Mónaco lidera, com 950 milhões auferidos desde 2010, seguindo-se o Liverpool (683 milhões de euros) e a Roma (680 milhões de euros).  

 

Liga inglesa é a que mais compra a clubes portugueses 

No mesmo estudo, o CIES Football Observatory conclui que a Liga Inglesa ocupa a posição central no mercado de transferências europeu. Tendo em conta a diferença entre compras e vendas de jogadores, os clubes ingleses registam um défice de 905 milhões com as equipas francesas, 831 milhões com as espanholas, 645 milhões com as italianas e 582 milhões de euros com as alemãs.

 

Há outro dado que mostra o domínio da liga inglesa quando se fala de transferência de jogadores. O défice total dos clubes ingleses é de 5,7 mil milhões de euros, o que corresponde a 78,3% do défice total das Big Five, onde só a Liga Francesa ganha mais dinheiro a vender jogadores do que gasta a comprar.

 

Portugal também surge em destaque nesta análise, pois é a primeira liga fora das Big Five. Desde 2010 os clubes portugueses ganharam 412 milhões de euros a vender jogadores para clubes ingleses (o valor é líquido mas o montante gasto a comprar terá sido muito diminuto).

 

Os clubes portugueses também apresentam um excedente com todas as outras maiores ligas: 340 milhões de euros com a La Liga, 143 milhões de euros com a Ligue 1 e 183 milhões de euros com a liga italiana. Para este saldo claramente positivo também contribuiu o Sporting, sobretudo com as vendas de Slimani e João Mário para o Leicester e o Inter de Milão.

 
 Valores líquidos das transferências envolvendo clubes das 5 principais ligas, por liga (2010 e 2018)

A contribuir para estes valores avultados está o facto de os clubes portugueses privilegiarem as compras internas e de jogadores que actuam em ligas fora da Europa, com destaque para brasileira e argentina.

 

Competições mais desequilibradas 

No que diz respeito aos clubes que mais dinheiro gastam ao comprar jogadores dos clubes das principais ligas, o topo é ocupado pelo Machester City, que desde 2010 já desembolsou 1.470 milhões de euros. Segue-se outra equipa inglesa (o Chelsea com 1.310 milhões) e o Barcelona fecha o pódio (1.258 milhões). São sete as equipas que desde 2010 gastaram mais de mil milhões a comprar jogadores que actuam nas Big Five, destacando-se a ausência do Real Madrid, que tem liderado a Liga dos Campeões nos últimos anos.   

 

Olhando apenas para as transferências efectuadas este ano, Barcelona (321 milhões de euros), Liverpool (298 milhões) e Juventus (257 milhões) foram os mais gastadores.   

 

Quanto à diferença entre o dinheiro gasto em compras e o auferido em vendas, a equipa liderada por Guardiola também surge em primeiro, com um défice acumulado desde 2010 de 1.032 milhões de euros. PSG (-874 milhões de euros) e Manchester United (-772 milhões de euros) ocupam as restantes posições do pódio.

 

Na análise oposta, o Mónaco é o que apresenta o maior excedente (289 milhões de euros), sendo surpreendente as duas equipas seguintes: Lille (166 milhões de euros) e Udinese (165 milhões de euros).

 

Na conclusão deste estudo, o CIES refere que a tendência passa por um "maior nível de concentração de talento nos clubes mais ricos" e pela criação "de equipas com cada vez melhor desempenho". Ao mesmo tempo que "a concentração do mercado reforça os desequilíbrios das competições".

 

Clubes portugueses facturaram menos 123,8 milhões 

Ainda assim, o relatório do CIES também mostra que o valor envolvido em transferências não aumentou em 2018 face ao ano anterior, o que acontece pela primeira vez desde 2012. Os clubes das cinco maiores ligas gastaram 5,82 mil milhões de euros a comprar jogadores, uma queda de 2,4% face ao recorde fixado em 2017. Isto apesar de terem sido fixados novos recordes na Premier League e na La Liga.

 

Em Portugal a queda foi bem mais acentuada. De acordo com uma análise efectuada pelo Negócios, os clubes da Liga Nos facturaram até final de Agosto 198,6 milhões de euros, menos 123,8 milhões do que os 322,4 milhões da última temporada. Já as despesas dos clubes em contratações engordaram dos 71,2 para os 91,2 milhões de euros.

 

O FC Porto foi quem maior encaixe financeiro obteve: 65 milhões de euros. Os campeões em título foram também quem mais "abriu os cordões à bolsa", tendo gasto 33,8 milhões de euros em reforços.

 

O Benfica, após as vendas milionárias da temporada passada, que superaram os 130 milhões, registou receitas de 30,2 milhões de euros. 

 

O Sporting, que em 2017 tinha facturado 50,7 milhões em transferências, obteve este ano um encaixe de 30,75 milhões. Já no que toca a reforços, os "leões" gastaram 22,4 milhões de euros, menos do que os 31,75 milhões de 2017.

 

As maiores compras dos três grandes:


 


 

As maiores vendas dos três grandes:


 

 

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