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Venezuela e Argélia atiram Teixeira Duarte para prejuízos de 119 milhões

Na Venezuela o grupo perdeu a concessão do porto de La Guaira na sequência de  uma ocupação das instalações pela empresa pública Bolipuertos. Já na Argélia uma sentença judicial sobre um parceiro impediu a execução de seis empreitadas públicas contratadas.

D.R.
29 de Abril de 2022 às 18:32
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A Teixeira Duarte registou um prejuízo de 119,1 milhões de euros no ano passado, depois de em 2020 ter obtido lucros de 3,5 milhões, de acordo com o relatório e contas do ano passado que o grupo vai submeter à assembleia geral de 23 de maio, onde explica o desempenho com dois factos excepcionais ocorridos na Venezuela e na Argélia.

De acordo com o documento, os rendimentos operacionais da empresa recuaram 11,8% em 2021 para 637,4 milhões, enquanto os gastos operacionais subiram 8% para 672 milhões.


O EBITDA, impactado pelo evento na Argélia, foi também negativo em 34,5 milhões de euros, depois de em 2020 ter sido positivo em quase 100,5 milhões.


No documento, o grupo diz que "o ano de 2021 foi particularmente difícil, tendo sido muito influenciado por efeitos não recorrentes resultantes de factos excecionais ocorridos na Argélia e Venezuela, bem como pelos impactos económicos derivados da situação de pandemia", que "foram muito expressivos nas geografias onde o grupo opera".

Segundo explica no documento, os "factos excecionais e relevantes" que tiveram "um significativo impacto na atividade e nas contas do grupo estão relacionados num caso com "a decisão imprevisível" tomada pela empresa pública venezuelana Bolipuertos, que "se traduziu na notificação da decisão de por termo à Aliança Estratégica para a Operação e Gestão Portuária do Terminal Especializado de Contentores do Porto de La Guaira, que  vigorava desde 1 de abril de 2017, e "a inerente ocupação, em 15 de outubro de 2021, pela Bolipuertos das instalações afetas à Aliança", explica.

Com isso, acrescenta, o conselho de administração da Teixeira Duarte decidiu reconhecer nas contas do exercício os efeitos da perda da concessão da exploração do porto de La Guaira que vigoraria até 31 de março de 2037, o que "se traduziu por uma redução do ativo intangível e pelo agravamento do resultado líquido de 26,9 milhões de euros".

Neste caso, o grupo diz esperar que a ausência de fundamento legal para esta "atuação inesperada, abusiva e lesiva dos interesses da empresa, dê lugar à correspondente indemnização por perdas e danos".

O outro facto que justifica a quebra do resultado registada em 2021 diz respeito a uma sentença judicial de última instância proferida a 17 de fevereiro de 2022 por um tribunal argelino no âmbito de um processo relativo a um parceiro da Teixeira Duarte, que "colocou em causa as condições operacionais e financeiras que permitiam assegurar a normal execução de seis empreitadas públicas contratadas na Argélia".

Apesar de se tratar de um evento subsequente, explica o grupo, o conselho de administração "deliberou reconhecer nas contas do exercício de 2021 os efeitos decorrentes da suspensão da atividade daquelas seis empreitadas públicas", cujo impacto estimado se traduz num agravamento do resultado líquido de 61,1 milhões de euros, bem como numa redução do passivo de 13,7 milhões de euros e uma redução do ativo de 74,8 milhões de euros.

Na mensagem que acompanha o relatório, o presidente do conselho de admnistração, Manuel Maria Teixeira Duarte, salienta que estes dois eventos levaram à diminuição nas vendas e prestações de serviços de 73,1 milhões de euros e ao impacto nos resultados atribuíveis a detentores de capital de 88 milhões.

"Sem os referidos mercados da Argélia e Venezuela, teríamos alcançado um crescimento de 11,3% das vendas e prestações de serviços", diz o responsável do grupo que em 2021 completou 100 anos.

No final de 2021, a dívida financeira líquida do grupo era de 718,4 milhões de euros, mais 24,9 milhões face ao ano anterior.


A carteira de encomendas para o setor da construção era de 1.024 milhões.

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