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Lucros da Mota-Engil África crescem 62% no primeiro semestre
O crescimento do resultado líquido deve-se ao aumento das receitas em países como Moçambique, Zimbabwe, Malawi e Zâmbia. Angola foi responsável por 41% das receitas no primeiro semestre.
Os lucros da operação africana do grupo Mota-Engil cresceram 62% no primeiro semestre deste ano face a período homólogo.
No total, os lucros cresceram para os 54,3 milhões de euros face aos 33,6 milhões registados na primeira metade do ano passado, segundo o relatório semestral da empresa divulgado esta segunda-feira, 6 de Outubro, junto da CMVM.
As receitas da empresa cresceram para os 557 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano, face aos 433 milhões registados em período homólogo.
Este crescimento de 29% deve-se ao crescimento do segmento "South African Development Community" (SADC), ou seja, os países localizados na região Sul de África, com destaque para o projecto ferroviário de Nacala no Malawi.
"Este resultado deveu-se principalmente à boa perfomance do segmento SADC que atingiu uma margem ajustada de EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) de 28,8% devido ao corredor ferroviário de Nacala no Malawi", pode-se ler no documento.
Detaque também para o crescimento da margem de EBITDA em Moçambique "devido à excelente performance de projectos ferroviários, rodoviários e de construção civil".
Angola foi responsável por 41% do total de receitas no primeiro semestre, num total de 226 milhões de euros. No ano passado, o mercado angolano era o maior para a Mota-Engil África (55%), tendo sido ultrapassado pelo mercado dos países do SADC, que são agora responsáveis por 58% das receitas da empresa.
As encomendas neste mercado chegam aos 525 milhões de euros, o que dá uma "excelente perspectiva de crescimento em Angola", pode-se ler no relatório.
No segmento SADC - que inclui as actividades em Moçambique, Malawi, Zimbabwe, África do Sul e Zâmbia - as receitas chegaram aos 322 milhões de euros, mais 72% face a 2013.
Além do corredor ferroviário no Malawi, que deverá estar terminado até ao final deste ano, destaque também para vários projectos em Moçambique como ferrovias, rodovias, entre outros.
O valor das encomendas neste mercado chegava aos 821 milhões de euros no final do primeiro semestre, com "excelentes perspectivas de crescimento", devido também a projectos na Zâmbia e no Zimbabwe.
A empresa conta com 1,5 mil milhões de euros em encomendas, sendo nos países do segmento SADC que se encontra a maioria (55%), seguindo-se Angola (35%).
Relativamente a outras regiões de África, a empresa ganhou recentemente um contrato de 2,6 mil milhões para várias obras nos Camarões e República do Congo. Na África Oriental, a Mota-Engil ganhou recentemente um projecto de 67 milhões de euros no Uganda.
Em termos de dívida, a empresa registava um total de 157 milhões de euros no final do semestre, ligeiramente acima do registado no final de 2013.
Entrada em bolsa vai ter de esperar
A Mota-Engil África tinha planeado começar a negociar na bolsa de Londres em Julho, mas adiou a operação então devido à "deterioração das condições de mercado", isto é, devido aos receios em torno do Grupo Espírito Santo (GES).
Mais recentemente, Gonçalo Moura Martins garantiu que a intenção de avançar para bolsa "mantêm-se" e "assim que haja condições para fazer o IPO vamos fazê-lo", disse no final de Agosto. O objectivo passa por concretizar a operação até final do ano.
"Um IPO é como uma remodelação ministerial: nunca se anuncia, faz-se", disse o CEO da Mota-Engil durante a apresentação de resultados semestrais da empresa.
Na altura, o responsável apontou que o "mercado ainda está muito volátil" e que a empresa está a monitorizar o mercado e a "aguardar que haja condições".