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Construção: Quase metade dos pedidos de orçamento fica sem resposta
Falta de mão de obra e encerramento de empresas para férias está a deixar milhares de portugueses sem solução para as suas obras em casa e remodelações, revela estudo da plataforma de serviços Fixando.
"A falta de mão de obra no setor da construção não é um problema novo, mas é agravada pela migração sazonal de trabalhadores para países como França e Suíça, onde os salários são mais atrativos", afirma Alice Nunes, diretora de novos negócios da Fixando, plataforma online de prestação de serviços que fez um estudo em que concluiu que quatro em cada dez clientes que procuram empresa de remodelação em Portugal durante o verão não conseguem encontrar profissionais disponíveis.
"A alta procura por serviços de obras, associada à falta de mão de obra e ao encerramento de empresas para férias, está a deixar milhares de portugueses sem solução para as suas obras em casa e remodelações", constatou a Fixando, que garante ter realizado um inquérito a 6.752 especialistas do setor, que revela que 37% das empresas encerram para férias em agosto, com 19% a apontarem o encerramento de fornecedores como um fator que limita significativamente a sua capacidade de resposta.
De acordo com o mesmo inquérito, 62% dos profissionais atribuem a escassez de oferta à falta de mão de obra, um problema crónico que se intensifica nos meses de verão.
"Com um aumento de 19% na procura por serviços de obras em julho de 2024, face ao mês anterior, e uma projeção de crescimento de 15% no terceiro trimestre, comparativamente ao segundo, apenas 16% das empresas registadas na Fixando estão a aceitar novos pedidos de orçamento", avança a mesma plataforma, em comunicado.
Sobre a crescente dificuldade em atrair e reter talento jovem para o setor das obras e remodelações, as empresas auscultadas pela Fixando "apelam ao investimento na formação em ofícios como a carpintaria e alvenaria e a promoção de estágios profissionais que possam atrair jovens para estas áreas, alertando que sem um esforço concertado, o desfasamento entre a oferta e a procura durante o verão poderá continuar a aumentar".
Outro desafio apontado por alguns profissionais é a crescente imprevisibilidade climática, "com temperaturas extremas e precipitação inesperada a prolongarem os prazos das obras, que inevitavelmente causam atrasos em projetos subsequentes", explica Alice Nunes.
Uma nova realidade climatérica que "impõe uma pressão adicional sobre um setor já sobrecarregado, dificultando ainda mais a programação e conclusão das obras no período estimado", alerta.
Outro dilema: a discrepância entre as expectativas dos clientes e o valor real dos serviços prestados, com um dos especialistas inquiridos pela Fixando a frisar que "os clientes muitas vezes preferem pagar menos, mas acabam insatisfeitos com a qualidade do serviço".
"Esta realidade, aliada à proliferação de empresas ‘faz tudo’ sem a devida especialização, coloca em risco a qualidade final das obras e a reputação do setor", considera a Fixando.
Para enfrentar estes desafios, a maioria dos inquiridos (65%) defende a necessidade de apoios à formação de mão de obra qualificada, enquanto 40% acredita que incentivos governamentais à contratação poderiam ajudar a reverter o cenário atual.
"É necessário um esforço conjunto entre o setor privado e as entidades públicas para garantir que o setor das obras e remodelações em Portugal consiga não só sobreviver, mas prosperar",preconiza a diretora de novos negócios da Fixando.