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Retalho vende 8,6 mil milhões no primeiro semestre

Em Portugal, o comércio a retalho alimentar e especializado cresceu 1,8% até Junho. Associação sectorial mantém-se “prudente”. A culpa, dizem, é do consumidor que é “hipersensível”.

Miguel Baltazar/Negócios
13 de Setembro de 2016 às 13:50
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O volume de vendas do comércio a retalho, medido pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), cresceu 1,8% no primeiro semestre do ano, para um valor global de 8.594 milhões de euros. Os dados, apresentados esta terça-feira, 13 de Setembro, têm por base a recolha de dados das consultoras GfK, Kantar e Nielsen.

O crescimento semestral verificado ocorreu, sobretudo, pela evolução de comércio retalhista alimentar, que avançou 3,5%, para 5,1 mil milhões de euros no semestre.

No mesmo período, o comércio não alimentar recuou 0,7%, para 3,4 mil milhões de euros. Mas isso, como explicou esta terça-feira, em conferência de imprensa, Ana Isabel Trigo Morais, directora-geral da APED (na foto), justifica-se e parte pelo comportamento da queda dos preços internacionais do petróleo.

Porque a queda do preço desta matéria-prima levou também a uma diminuição do preço das vendas entre Janeiro e Junho de 2016, de 2,4%, para 1,5 mil milhões de euros. Note-se que os combustíveis, ainda assim, no primeiro semestre do ano de 2016 representaram 45,34% das vendas não alimentares.

Sem os combustíveis, o retalho não alimentar teve um comportamento de crescimento de 3,2% (para 905 milhões de euros) nos bens de equipamento; de recuo de 0,9% (para 895 milhões de euros) no vestuário, e uma quebra de 4,4% (para 108 milhões de euros) no entretenimento e papelaria.

Analisando os dados com mais detalhe, na categoria dos grandes electrodomésticos (designados por linha branca: frigoríficos e máquinas de lavar roupa e loiça) registaram um crescimento de 11%, para 202 milhões de euros. A informática foi a que vendeu maior valor no período (239 milhões de euros), mas registou uma descida de 1,2% face aos primeiros seis meses de 2015.

Ainda nos bens de equipamento, mas agora na electrónica de consumo, os dados não mostraram grandes surpresas. O Campeonato Europeu de Futebol (entre 10 de Junho e 10 de Julho), em que Portugal se sagrou vencedor, deu certamente uma ajuda na vendas de televisores no primeiro semestre de 2016, com a venda de unidades a registar um crescimento de 10,7%, para 115,7 milhões de euros.

No sentido contrário, o equipamento de fotografia registou a maior queda, de 13,8% (para 25 milhões de euros), uma tendência acentuada com a consolidação dos "smarthphones" no mercado nacional.

A título de comparação, só a venda de auriculares no primeiro semestre do ano equivaleu a mais de um quinto do que representou o comércio de material fotográfico pela grande distribuição em Portugal: 5,6 milhões de euros (melhorando 19,1% face ao primeiro semestre de 2015).

"Hipersensibilidade" no consumo

Um desenvolvimento global do consumo entre Janeiro e Junho que a direcção da APED vê como "positivo", com o qual reconhece estar "satisfeita", mas sem tirar ilações demasiados optimistas para os últimos seis meses do ano.

"O ‘outlook’", frisou esta manhã Isabel Trigo Morais, é de "prudência" tendo em conta a "instabilidade" do comportamento do consumidor português na actualidade, que "continua hipersensível" a tudo o que o rodeia e que pode "travar de repente" o comportamento de compra registado nos primeiros seis meses do ano. "Veremos como é que o consumidor se vai comportar", afirmou a directora-geral da APED.

Até porque, no primeiro semestre de 2016, o peso das promoções atingiu, segundo os dados fornecidos pela APED, uma fatia de 44,8% das vendas registadas pelos seus associados.

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