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Português Nuno’s Bistro na Califórnia eleito o melhor de cozinha europeia
O restaurante de Joey Nuno Medeiros, nascido no Alentejo e filho de pais açorianos, foi considerado o melhor de cozinha europeia em 2021 pela revista Inland Empire, que cobre a região sul da Califórnia onde se incluem os condados de San Bernardino e Riverside.
O restaurante 'Nuno's Bistro', do luso-americano Joey Nuno Medeiros, foi considerado o melhor de cozinha europeia em 2021 pela revista Inland Empire, que cobre a região sul da Califórnia onde se incluem os condados de San Bernardino e Riverside.
"Foi uma surpresa", disse à Lusa Joey Nuno Medeiros, explicando que o restaurante já tinha vencido noutras categorias anteriormente, mas não na principal.
A revista é influente e por isso a expectativa é de que a distinção ajude a impulsionar o negócio, visto que estas menções "trazem sempre um influxo de clientes", apontou.
Medeiros, natural do Alentejo, referiu que o último ano foi difícil por causa da pandemia de covid-19 e que só no último mês foi possível reabrir para refeições na esplanada, de acordo com as regras do condado de San Bernardino, a cerca de 65 quilómetros de Los Angeles.
"É um sinal de esperança, pelo menos podemos abrir as portas outra vez e estamos esperançosos de que no futuro próximo seja possível ter refeições no interior", afirmou.
Aos fins de semana, o retornado 'brunch' é tão popular que quase não havia lugares disponíveis na ampla esplanada do restaurante, quando a Lusa visitou o local.
"É um certo sentido de normalidade, mas ainda muito longe do que era", notou Medeiros.
Com um ambiente "moderno e urbano", o menu do 'Nuno's Bistro' inclui pratos como 'camarão à bombeiro', cataplana, 'porquinhos' (tâmaras e linguiça enroladas em bacon) e o indispensável frango com piri-piri. O restaurante também criou o 'Nuno's burger', um hambúrguer feito de linguiça e carne de vaca com molho picante.
"Isto nunca foi desenhado para ser um restaurante com comida para levar", disse o responsável. "Temos muitos pratos sofisticados que são difíceis de transportar e tivemos de redesenhar o menu para nos focarmos nos pratos que dá para transportar".
Além da culinária portuguesa, o 'bistro' também oferece pratos de cozinha espanhola, francesa e italiana, daí ser considerado o melhor restaurante de cozinha europeia.
"Este conceito dá-nos muita versatilidade do ponto de vista criativo, permitindo destacar coisas de várias nações europeias", descreveu Medeiros, acrescentando: "A inspiração e a base vêm da herança portuguesa".
A maioria dos clientes não está ligada à ancestralidade lusa, apesar de haver uma grande comunidade de origem portuguesa na cidade vizinha de Chino.
"Penso que somos um dos melhores restaurantes desta região e recebemos clientes que estão à procura de uma experiência culinária refinada. E temos pessoas que vêm de longe e estão à procura de algo único", assegurou.
Filho de açorianos de São Miguel, Medeiros frisou que a comunidade portuguesa da Califórnia está "muito fragmentada" e explicou que, apesar de ser o estado com maior número de luso-americanos, é difícil abrir restaurantes de cozinha exclusivamente portuguesa.
"As pessoas pensam: se sou português e sei cozinhar pratos portugueses, porque é que hei de ir a um restaurante português?", indicou.
"Não temos muitos clientes de primeira geração. Temos mais de segunda e terceira, em que é uma questão de nostalgia porque alguém na família cozinhava algo e querem revisitar essa herança", explicou.
O foco na cozinha europeia também espelha a menor influência dos pratos portugueses nos Estados Unidos da América, em comparação, por exemplo, com a 'paelha' ou o 'polvo à galega'.
"É difícil criar um restaurante exclusivamente português, a não ser que estejamos em Napa ou São Francisco", disse Medeiros, apontando que, quando entrou no negócio da restauração com outro estabelecimento, há 15 anos, "as pessoas perguntavam se Portugal era no Brasil".
As coisas agora são diferentes, admitiu. "O país recebeu muita publicidade de publicações de viagens e muitos dos nossos clientes já visitaram Portugal", frisou. "A exposição que Portugal recebeu nos últimos cinco anos foi imensa".
Tão imensa que Medeiros criou uma folha de cálculo com locais de interesse a visitar em Portugal, para dar aos muitos clientes que pedem recomendações.
Enquanto as viagens continuam restritas, por causa da pandemia de covid-19, o responsável prepara a expansão do negócio com a venda de produtos artesanais, feitos ali mesmo no 'bistro'.
"Fazemos as nossas próprias caldas que entram nos cocktails e temos a intenção de produzir e vender, de forma artesanal", explicou.
O restaurante também vende cocktails de assinatura envelhecidos em barril e apresentados em garrafas que começam nos 240 ml a 25 dólares cada. Têm nomes como "Latin Lover", "La Banda Di Milano" e "European Gigolo".
"É um lado bom da pandemia", admitiu Medeiros, já que as autoridades passaram a autorizar a venda de álcool para fora neste formato devido às restrições impostas sobre os restaurantes.
O luso-americano mostrou-se, no entanto, crítico das ações sobre o setor no último ano.
"Sinto que os restaurantes foram tratados de forma injusta nos encerramentos", afirmou.
"Não vi nenhuma prova de que as refeições nas esplanadas eram uma grande fonte de infeções", salientou.
Os Estados Unidos são, desde o início da pandemia e até hoje, o país mais afetado no total de mortes e casos, com mais de 520 mil mortes para mais de 28,8 milhões de casos, de acordo com um levantamento da Universidade Johns Hopkins.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.570.291 mortos no mundo, resultantes de mais de 115,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.