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Pingo Doce "desafia" consumidores a aderir aos sacos de papel

A insígnia da Jerónimo Martins começou o ano com uma nova alternativa ao tradicional saco de plástico, que em breve pagará a nova taxa criada pelo Governo. Irá o saco de papel por 12 cêntimos convencer o consumidor?

Bloomberg
05 de Janeiro de 2015 às 17:38
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Os supermercados Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins, acabam de introduzir mais uma solução para os clientes transportarem as suas compras, passando a vender sacos de papel por 12 cêntimos. Não é uma inovação em Portugal: a sueca Ikea também vende sacos de papel aos seus clientes. Mas até que ponto estarão os portugueses dispostos a pagar para levar as compras do supermercado em sacos de papel?

 

A Jerónimo Martins garante que esta alternativa coexistirá com os sacos de plástico. "Os sacos de papel que o Pingo Doce introduziu recentemente são uma alternativa adicional aos sacos de plástico que continuarão a existir, tal como os sacos de ráfia que já estão à venda nas nossas lojas há vários anos", explicou fonte oficial do grupo ao Negócios.

 

A mesma fonte escusou-se a esclarecer se os supermercados Pingo Doce cobrarão pelos sacos de plástico algum valor adicional à taxa agora criada pelo Governo, que será de 8 cêntimos, mais IVA, e que passará a ser cobrada aos consumidores a partir de 15 de Fevereiro. Hoje a insígnia da Jerónimo Martins cobra 2 cêntimos por saco de plástico. Somada a nova taxa, e o respectivo IVA, isso significaria que cada saco de plástico custaria ao cliente final 12 cêntimos. O mesmo que um saco de papel. Pelo mesmo preço estará o consumidor disposto a mudar os seus hábitos?

 

O Negócios questionou igualmente a Jerónimo Martins sobre quantos sacos de papel e de plástico encomendou para 2015, o que poderia indiciar a percepção do grupo sobre o que será o comportamento do consumidor, mas a companhia que detém os supermercados Pingo Doce não avançou números.

 

Diferentes estudos realizados na óptica da 'análise do ciclo de vida', comparando sacos de plástico produzidos a partir de derivados do petróleo com sacos produzidos a partir de outros materiais alternativos, levam à conclusão de que os sacos produzidos a partir de derivados do petróleo se apresentam, de longe, como aqueles com menor impacto ambiental.
 
APED - Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição,
Parecer de Agosto de 2014 sobre a reforma da fiscalidade verde

 

A rede Pingo Doce introduziu em 2007 sacos de plástico reutilizáveis, conseguindo desde então e até 2014 uma redução de 55% no consumo de sacos, que permitiu diminuir em 13 mil toneladas o peso da deposição em aterro de sacos de plástico, segundo a Jerónimo Martins.

 

Durante a consulta pública do projecto da fiscalidade verde, a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) pronunciou-se de forma crítica quanto à taxa dos sacos de plástico, sublinhando que "diferentes estudos realizados na óptica da 'análise do ciclo de vida', comparando sacos de plástico produzidos a partir de derivados do petróleo com sacos produzidos a partir de outros materiais alternativos, levam à conclusão de que os sacos produzidos a partir de derivados do petróleo se apresentam, de longe, como aqueles com menor impacto ambiental".

 

Um estudo de 2006 da UK Environment Agency comparou as diversas soluções para compras de supermercado então existentes no Reino Unido. Com 19 litros de capacidade, o tradicional saco de plástico apresentava um peso de cerca de 8 gramas, enquanto os sacos de papel, acomodando 20 litros de volume, apresentavam um peso médio de 55 gramas.

 

Segundo o mesmo estudo, os sacos de papel terão de ser reutilizados pelo menos quatro vezes para que o seu consumo provoque um impacto, em termos de aquecimento global, menos negativo do que os sacos de plástico convencionais. 

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