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Faturação dos centros comerciais sobe 6,6% até setembro
Associação Portuguesa de Centros Comerciais diz que o período pós-laboral representou 37% do total de compras efetuadas e que domingos responderam por 17%, numa altura em que está aberto o debate sobre o encerramento do comércio aos domingos e feriados e a redução do período de funcionamento até às 22h.
A faturação das lojas dos centros comerciais subiu 6,6% nos primeiros nove meses do ano, com o horário pós-laboral a representar 37% do total, revelam dados divulgados, esta segunda-feira, pela Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC).
Em comunicado, a APCC destaca que o horário pós-laboral - ou seja a partir das 18h - representou 37% do total de compras efetuadas e que os domingos responderam por 17% da totalidade de vendas, numa altura em que se reabriu o debate em torno do período de funcionamento do comércio e , em particular, dos "shoppings", na sequência de uma petição lançada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP, afeto à CGTP), admitida pela Assembleia da República, pelo encerramento do comércio aos domingos e feriados e pela redução do horário até às 22 horas.
Segundo dados atualizados pela APCC - que agrega 104 conjuntos comerciais que integram mais de 8.500 lojas - ao Negócios atualmente 51% dos centros comerciais têm horário normal de encerramento até às 22h, enquanto 47% às 23h. Os restantes 2% ficam até às 24h. Em concreto, o Colombo e o Vasco da Gama, com a APCC a indicar que o Almada Fórum alarga o período de funcionamento até às 24h apenas no período de verão.
Na nota enviada às redações, a a APCC dá destaque ao cinema, apontando que, segundo a NOS, um dos principais operadores, o período noturno corresponde a 36% da faturação e que os domingos pesam 19%.
"É fundamental manter os horários atuais nos centros comerciais, especialmente o período noturno, que é crucial para o nosso setor. Qualquer alteração a esses horários poderá prejudicar seriamente a recuperação de um setor que já foi fortemente afetado durante a pandemia. Embora estejamos a recuperar, não podemos arriscar um novo retrocesso, especialmente porque isso teria impactos negativos diretos para os nossos clientes. Muitos deles, como mostram os dados, só têm a oportunidade de ir ao cinema à noite", refere o diretor-geral da NOS Cinemas, Nuno Aguiar, citado na mesma nota.
Centros comerciais e lojistas estão de acordo ao discordar do encerramento aos domingos e feriados, no entanto, divergem no que toca a mexidas no período de funcionamento.
"Uma alteração de horários e de dias de funcionamento seria, com certeza, penalizadora para os clientes e totalmente desastrosa, com consequências muito negativas, em particular, para a restauração e para os setores da cultura e do entretenimento, que seriam os mais afetados, já que as vendas nestes setores não transitam para outros horários ou dias da semana", diz a diretora executiva da APCC, Carla Pinto, citada no comunicado.
Mais - acrescenta - "uma alteração dessas seria lesiva para toda a economia e representaria uma perda de 20% de postos de trabalho diretos só nos centros comerciais. A disponibilidade horária é uma das nossas principais valências e queremos que assim continue a ser".
Em entrevista ao Negócios, em julho, a presidente da APCC, Cristina Moreira Santos, estimou que estariam em risco 18 mil empregos com as mexidas propostas na petição. O presidente da Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) - que representa um universo de 3.000 lojas, incluindo fora de "shoppings" -que também discorda do encerramento aos domingos e feriados diz, no entanto, que alterar horários seria diferente e poderia ser um "bom início de conversa".
Miguel Pina Martins afirmou, este mês, que reduzir o periodo de funcionamento até às 22h, também com exceções, não teria impacto nas vendas nem no emprego, baseando-se em dados, facultados pela Unicre, à luz dos quais, segundo indicou ao Negócios, "em média, apenas 4% do número de vendas nos centros comerciais ocorre a partir das 22h".