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Economia polaca ajuda JM mas coloca desafios
O crescimento da economia polaca tem beneficiado a Jerónimo Martins com o aumento do poder de compra, mas tem dificultado a contratação. O grupo vai investir num novo centro de distribuição, com 250 postos de trabalho.
A Polónia tem sido o motor de crescimento da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce. Além de representar cerca de 70% das vendas totais do grupo, também tem merecido a maior fatia do investimento da empresa liderada por Pedro Soares dos Santos. E este ano não será excepção.
O grupo vai inaugurar no terceiro trimestre um novo centro de distribuição, o 16.º no país, que vai criar 250 postos de trabalho. A unidade vai responder ao aumento das vendas dos 2.722 supermercados Biedronka – que em polaco significa joaninha e simboliza sorte.
Além da Biedronka, o grupo está presente na Polónia através da marca de parafarmácias Hebe, acrónimo para Health & Beauty [Saúde & Beleza], mas também, na mitologia grega, o nome da deusa da juventude. A Hebe, a marca mais jovem do grupo com seis anos de actividade, também vai ser alvo de um investimento de 10 milhões de euros para a abertura de 30 lojas e a remodelação das actuais.
O voo da Biedronka
O crescimento das receitas das lojas Biedronka, que não passam despercebidas a quem passeia pelas ruas de Varsóvia, tem sido impulsionado pelo crescimento económico do país e aumento do poder de compra.
O facto de ser uma loja ‘discount’, com preços baixos, e "de proximidade" ajudou a conquistar os polacos. Até porque, "têm o hábito de fazer as compras diariamente", explicou Nuno Dias, "chief operations officer" da Jerónimo Martins, durante a visita a uma das 130 lojas da Biedronka na capital do país.
"Abrimos este loja em Outubro do ano passado e há outra Biedronka aqui perto", contou. Por dia, a loja situada no centro de Varsóvia recebe 2.500 clientes, um número acima da média da rede e só superado pela loja situada na sede da empresa na Polónia. "Mas já estamos à procura de espaço para uma nova loja aqui na zona", confessou.
Ao contrário do Pingo Doce, por exemplo, as prateleiras das lojas Biedronka são repletas quase maioritariamente pelas várias marcas próprias. As promoções constantes também fazem parte da estratégia da cadeia polaca, que é líder do segmento. Aliás, não há praticamente prateleira que não tenha produtos em promoção.
Os desafios
A Biedronka é o segundo maior empregador do país com 60 mil trabalhadores, segundo os dados da Jerónimo Martins. E apesar do impulso da economia polaca beneficiar o aumento das receitas das lojas, também acarreta um lado menos positivo para os empregadores.
Como a taxa de desemprego está muito baixa, abaixo dos 6%, "temos muitas dificuldades em contratar", nomeadamente caixeiros, revelou o responsável da Jerónimo Martins. Uma dificuldade sentida um pouco por todo o país e em vários sectores de actividade.
A empresa também tem sido confrontada com as exigências dos sindicatos do sector. Recentemente, a Biedronka aumentou em 6,5% os salários mais baixos dos caixeiros. Mas, segundo os sindicatos, foi aquém da subida levada a cabo pelos concorrentes, como o Lidl e o Kauflaud, e da subida do salário mínimo do país (8%), tendo, por isso, reclamado novo aumento.
As negociações com os sindicatos estão "a seguir o processo normal de diálogo", não havendo, ainda novidades sobre o tema, disse fonte oficial do grupo.
(Notícia corrigida no dia 9 de Junho às 18:28 com a informação do número de visitantes da loja ser superior, e não inferior, à média da rede de lojas da Biedronka)
A expansão do grupo em 2017
A Jerónimo Martins vai continuar a abrir supermercados na Polónia e na Colômbia, os mercados de maior crescimento. Em Portugal está prevista a abertura de um novo centro de distribuição.
Mais 100 lojas na Polónia
A Jerónimo Martins deu os primeiros passos no mercado polaco em 1995. Hoje, conta com 2.722 lojas Biedronka, que em 2016 facturaram 9,7 mil milhões de euros, um aumento de 6,3% face ao ano anterior. Até ao final deste ano vai abrir mais 100 espaços. As lojas da rede de parafarmácias Hebe, que actualmente somam 161 unidades, registaram vendas de 121 milhões de euros, mais 22,2% face a 2015. O grupo vai investir na abertura de 30 lojas desta insígnia e na remodelação de espaços actuais.
Novo centro em Portugal
Em território nacional, onde o grupo detém o Pingo Doce e o Recheio, a Jerónimo Martins facturou 3,5 mil milhões de euros no ano passado, excluindo as receitas com a venda de combustível. Um valor que representa um aumento de 4,4% face a 2015, inferior ao ritmo de crescimento das vendas da Biedronka. Para Portugal, a Jerónimo Martins vai alocar um investimento de 150 milhões de euros, parte deste montante será para a abertura de um novo centro de distribuição.
150 aberturas na Colômbia
A Colômbia é a mais recente aposta da JM. O grupo liderado por Pedro Soares dos Santos entrou neste mercado em Março de 2013 através das lojas de proximidade sob a insígnia Ara. Quatro anos depois, conta com 221 lojas que, em 2016, contribuíram com uma facturação de 236 milhões de euros, um crescimento de 92,5%. Este ano o grupo quer aumentar em 150 o número de lojas Ara no mercado colombiano.