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Bloomberg: Sonae cresce no exterior sem aumentar dívida
A Bloomberg analisou os recentes planos de expansão da Sonae.
A Sonae SGPS, a maior rede de hipermercados e supermercados de Portugal, quer mostrar que uma empresa de retalho de um mercado de tamanho modesto é capaz de expandir no exterior sem precisar de carrinhos de compras cheios de dinheiro.
Neste mês, a empresa expandiu sua presença na Península Ibérica ao combinar o seu braço de retalho desportivo com a unidade regional da britânica JD Sports Fashion. O acordo dá impulso à Sonae em Espanha, onde o seu negócio de produtos desportivos enfrenta dificuldades devido à falta de escala, o que tem pesado sobre o preço das acções da companhia.
Esta foi a última de uma série de decisões da Sonae, que tem sede na Maia, cidade no norte de Portugal, para fortalecer as suas operações internacionais através de parcerias com o objectivo de evitar investimentos que exijam muito capital nas suas próprias lojas e, dessa forma, limitar o risco financeiro. A Sonae expandiu-se para 17 novos mercados em 2016 e actualmente opera em 89 países, gerando vendas de mais de 600 milhões de euros no exterior.
"Sabíamos que não conseguiríamos fazer isto sozinhos", disse o presidente do conselho e co-CEO Paulo Azevedo, nos bastidores de uma apresentação de resultados, este mês, vestido com roupas e ténis das suas próprias marcas feitos de lã e cortiça portuguesa. "Queremos crescer. Não estamos a olhar para outros mercados simplesmente para substituir Portugal."
Moçambique e Emirados
No ano passado, a Sonae fechou um acordo para a compra de uma participação de 50% da empresa de vestuário portuguesa IVN-Serviços Partilhados, também conhecida como Salsa, para fortalecer sua unidade de retalho não-alimentar no exterior, expandindo-se em Espanha, França e Itália. Além disso, associou-se à empresa Satya Capital, do bilionário Mohamed Ibrahim, para adquirir duas lojas de venda de alimentos no retalho em Moçambique e fechou acordo para a criação de uma rede de supermercados com a Fathima Group nos Emirados Árabes Unidos.
Mesmo em processo de expansão, a Sonae reduziu sua dívida líquida para 1,2 mil milhões de euros no ano passado, contra 1,3 mil milhões de euros no ano anterior. As suas acções caíram cerca de 17% nos últimos 12 meses porque os investidores estão focados nas margens apertadas da sua divisão doméstica de retalho alimentar e das operações de telecomunicações, apesar destas terem recuperado das baixas registadas no terceiro trimestre do ano passado.
A parceria com a JD, no qual a Sonae mantém apenas 30%, cria a segunda maior participante do sector de retalho desportivo na Península Ibérica, depois da Decathlon, com 287 lojas em Portugal e Espanha, afirmam as companhias. O acordo "mostra que a Sonae está disposta a tomar medidas mais decisivas para recuperar no negócio não alimentar", disseram analistas da Haitong Research, a 9 de Março.
O crescimento doméstico da Sonae começou nos anos 1980, quando Belmiro de Azevedo, o pai do co-CEO, assumiu o controlo de uma deficitária fabricante de painéis de madeira e a expandiu para sectores do retalho, telecomunicações e desenvolvimento de contros comerciais. A holding da família, a Efanor, continua a ser a maior accionista, com mais de 50% do capital.