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Vítor Bento: “Não estamos folgados. A prioridade deve ser reduzir a dívida”

O país não está de bolsos cheios, pelo contrário, alerta o presidente da Associação Portuguesa de Bancos. Em entrevista ao Negócios e Antena 1, Vítor Bento avisa que o excedente deve de ser usado para precaver o futuro.

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O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) avisa que o excedente orçamental não significa que o país possa facilitar o controlo da despesa. "Não estamos folgados", alerta Vítor Bento em entrevista ao Negócios e Antena 1.

"Um país que deve um ano do seu rendimento nunca tem excedente, não tem dinheiro a mais, pelo contrário, tem a menos. O excedente não significa que de repente estejamos folgados. Não estamos", avisa, pelo que considera que a gestão da dívida continua a ser o fator mais importante:"Era importante que conseguíssemos reduzir a dívida para níveis sustentáveis", diz, acrescentando que "vivemos num ambiente relativamente tranquilo, mas o mundo pode mudar. Pode haver muita incerteza, a economia pode entrar em recessão, as taxas de juro podem subir muito mais, e aí uma dívida desta dimensão continua a ser um problema muito sério".

Vítor Bento recorre a uma imagem para defender a lógica de acautelar o futuro. "Se o mar se encapelar, o nosso barco fica em situação muito frágil. É muito importante solidificarmos o barco, tapar os buracos por onde possa entrar a água, e isso implica dar prioridade à redução da dívida pública".

Com o novo Governo a braços com reivindicações de múltiplos setores, o presidente da APB reconhece que "é legítimo que as pessoas queiram ter melhores condições de vida" mas realça que "a economia pode ou não satisfazer essas aspirações".

Admitindo que "é natural que numa situação de maior fragilidade política haja maior pressão desses setores para tentarem ganhar capacidade negocial", conclui que é possível que exista "nos próximos meses, um acréscimo de tensão social". Ainda assim, o economista espera "bom senso não apenas do Governo, mas também das oposições, porque grande parte da resolução dos problemas vai depender da capacidade de negociação e do acordo entre o Governo e as oposições".
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