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Venda de carteiras de malparado em Portugal caiu quase 90% no ano passado

O estudo da consultora Prime Yield mostra que em Portugal a venda deste tipo de ativo caiu para os mil milhões de euros em 2020, uma redução drástica face ao registado no ano anterior.

03 de Março de 2021 às 14:02
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A venda de carteiras de crédito malparado em Portugal caiu para os mil milhões de euros no ano passado, uma redução de 87% face aos 8 mil milhões de euros transacionados no ano anterior devido ao impacto da pandemia, que redirecionou o foco dos bancos para o apoio extraordinário à economia nacional, de acordo com o estudo "Keep an Eye on the NPL&REO Markets", levado a cabo pela consultora Prime Yield. 

"Naturalmente, o surgimento da pandemia veio atrasar ou até obrigar à reestruturação de vários processos de venda de malparado em 2020. Apesar de já se esperar um abrandamento no ano passado mesmo num cenário pré-covid, seria expectavelmente da ordem dos -25% para cerca de 6 mil milhões de euros, e o ano acabou por ser bastante fustigado neste setor, com pouco menos de mil milhões de euros transacionados", escreve Francisco Virgolino, "head" e sócio da "NPL&REO Portugal" da Prime Yield , adiantando que "o mercado esteve praticamente parado até setembro, quando se notou uma dinâmica renovada e vários negócios acabaram por ser fechados na reta final do ano".

Numa nota enviada às redações, Virgolino nota que, "contudo, 2021 deverá ser um ano de dinâmica renovada. Por um lado, os negócios que já vinham de 2020 decorrem a bom ritmo, com perto de 2 mil milhões de portfólios no mercado entre operações já concretizadas e outras identificadas ou em negociação. Por outro lado, a par do interesse dos investidores por este segmento, a oferta de portfólios de malparado deverá crescer bastante ainda este ano. Com o final das moratórias em setembro, é de esperar um aumento no incumprimento e, mantendo-se a pressão da Banca para a desalavancagem, poderão surgir novas operações muito interessantes em oferta no mercado".

O estudo mostra que só nos primeiros meses de 2021 foram concretizados negócios de carteiras de crédito malparado na ordem dos 700 milhões de euros, quase tanto como no ano anterior como um todo. Para além deste montante já transacionado, encontram-se, neste momento, cerca de 1,2 mil milhões de euros em carteiras que já estão a ser negociadas ou que estão em oferta no mercado, mostra a consultora.

A Prime Yield evidencia ainda que, apesar do surgimento da pandemia, a banca portuguesa continuou a dar passos positivos na redução do malparado em 2020, uma vez que entre o terceiro trimestre de 2019 e o 3º trimestre de 2020, o stock de malparado reduziu 32% de 19,6 mil milhões de euros para 13,4 mil milhões.

O maior volume de malparado em Portugal continua a estar concentrado nas empresas, num total de 8,7 mil milhões entre julho e setembro do ano passado, dos quais 70% dizem respeito às pequenas e médias empresas.

De notar ainda que 3,8 mil milhões do crédito malparado nas empresas é colaterizado por imóveis comerciais. No segmento das famílias, o malparado totaliza 3,7 mil milhões, dos quais 2,1 mil milhões dizem respeito ao crédito à habitação, com garantia do imóvel.

Moratórias enquanto malparado

Tendo por base o terceiro trimestre do ano passado, a consultora adianta que existiam cerca de 46 mil milhões de euros em créditos alvo de moratória em Portugal, com base nos dados do regulador europeu da banca, a European Banking Authority. Este valor que corresponde a cerca de 19% do total do crédito concedido pelo sistema financeiro. No mesmo período, o stock de crédito malparado no país ascendia a 13.400 milhões de euros, o que reflete um rácio de 5,5% face ao total do crédito.

Portugal apresentava à data um dos maiores volumes de crédito sujeito a moratória na Europa, apenas superado por Itália, França e Espanha, em termos absolutos.

Em termos relativos, os 19% que tal montante pesa no total do crédito em Portugal apenas são superados pela quota de 22% registada na Hungria e de 24% no Chipre. Na média europeia, as moratórias, num total agregado de 586,900 mil milhões, correspondem a 3% do crédito total.

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