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Trump pode poupar muitos milhões à banca

A eleição de Donald Trump à presidência dos EUA pode permitir que os bancos escapem do impacto pleno da mão pesada das autoridades reguladoras globais em resposta à crise financeira de 2008.

Reuters
14 de Novembro de 2016 às 15:24
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O Comité de Supervisão Bancária de Basileia está numa corrida contra o tempo para concluir uma renovação completa dos padrões internacionais de requisitos de capital até ao final do ano. Os EUA têm defendido regras mais rígidas como protecção contra colapsos futuros dos mercados, enquanto a Europa e o Japão querem restringir propostas que poderiam onerar os bancos com vários milhares de milhões em custos.

 

Os membros do Comité de Basileia, incluindo a Reserva Federal e o Banco Central Europeu, estão a sofrer enormes pressões do sector para atenuar as regras.

 

A ascensão de Trump e a promessa de desmantelar regulamentações financeiras podem representar um novo entrave ao trabalho do grupo. Se Trump travar a implementação nos EUA dos padrões do Comité de Basileia para avaliação dos riscos dos activos pelos bancos ou ignorá-los totalmente, a Europa talvez faça o mesmo. E se os EUA e a Europa tomarem rumos próprios, a última parte da resposta global à crise financeira pode estar ameaçada.

 

"Eu achava, antes de Trump, que os padrões de Basileia seriam significativamente suavizados", disse Sam Theodore, director para instituições financeiras da Scope Ratings. "Agora, com Trump, acho que tudo se tornará um exercício simbólico."

 

A memória da crise está a ficar para trás e "existem todos os ingredientes para que a reacção contra a regulamentação continue", acrescentou.

 

Campanhas de lobistas

 

A eleição de Trump coincide com um momento crítico no debate dentro do Comité de Basileia, que aqueceu este ano devido aos enormes esforços de lobistas para flexibilizar os novos padrões que irão definir como os bancos avaliam riscos de crédito, operacionais e de mercado para definir os níveis de capital exigido, num pacote conhecido como Basileia IV.

 

O Comité de Basileia está "a trabalhar de forma intensa" para concluir as reformas dentro do prazo, disse na semana passada o presidente do grupo, Stefan Ingves. Se a autoridade reguladora global cumprir o prazo que vai até o final do ano, Trump não terá tempo para afectar a posição de negociação dos EUA ao alterar as quatro organizações americanas que fazem parte do Comité de Basileia (uma delas é a Federal Deposit Insurance Corp, ou FDIC).

 

"A maior preocupação dos bancos europeus no momento é o progresso de Basileia IV", disse Howard Davies, presidente do conselho do Royal Bank of Scotland, na semana passada. "O plano é chegar a um acordo até ao fim do ano. Duvido que o novo governo Trump consiga influenciar."

 

Regras severas

 

A oposição da União Europeia a elementos relevantes da proposta do Comité de Basileia já está a atrasar as negociações. Políticos e autoridades da UE insistem que as novas regras não aumentam significativamente as exigências de capital de modo geral e que os bancos da Zona Euro são indevidamente castigados.

 

Já os EUA defendem consistentemente regras mais severas. Ainda na semana passada, o vice-presidente da FDIC, Thomas Hoenig, que é politicamente independente, alertou contra o retrocesso. "Está a desenvolve-se um movimento dentro do Comité de Basileia para prejudicar medidas que poderiam aumentar os níveis de capital dos bancos e algumas jurisdições ameaçam salta fora se as medidas forem consideradas demasiado severas", afirmou Hoenig. "Os EUA devem evitar juntar-se a essa corrida".

 

Tradução de artigo da Bloomberg. O original pode ler aqui.

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