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Teixeira dos Santos estranha o preço "tão baixo" a que foi vendido o BPN

O ministro das Finanças que há cinco anos anunciou a nacionalização do BPN considera "estranho" o "preço tão baixo" a que foi depois vendido ao BIC, mas reconhece que o Estado ficou fragilizado por só restar um comprador.

Pedro Elias/Negócios
31 de Outubro de 2013 às 07:58
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"Devo dizer que estranho que tenha sido uma alienação a um preço tão baixo (40 milhões de euros mais o direito de exigência de restituição de algumas verbas de acordo com as condições em que o banco foi alienado). Mas confesso que não tenho informação suficiente para dizer que o valor é ajustado ou não", afirmou Teixeira dos Santos em entrevista à agência Lusa.

 

Ainda assim, acrescenta: "Sinceramente, na altura, quando saí do Governo, a avaliação que tínhamos apontaria para um valor mais elevado".

 

Para o ex-ministro, o facto de se ter chegado a um ponto em que só restava um possível comprador para o Banco Português de Negócios (BPN) "necessariamente prejudicou a posição negocial do Estado".

 

"Sendo claro que o Estado tinha que vender e havendo só um comprador, isto dá um grande poder ao comprador e retira poder ao Estado, o que não permitiu que o Estado pudesse vender, porventura, nas melhores condições", admitiu.

 

O contrato-promessa de venda do BPN ao Banco BIC foi assinado a 31 de Julho de 2011, três meses após as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu terem determinado a venda da instituição num curto espaço de tempo.

 

Em Junho de 2012, o ex-administrador do BPN Norberto Rosa explicava, no Parlamento, que o

Sinceramente, na altura, quando saí do Governo, a avaliação que tínhamos apontaria para um valor mais elevado
 
Teixeira dos Santos

acordo com a 'troika' obrigava a que se encontrasse um comprador até 15 de Julho de 2011, o que limitou qualquer outra solução que não fosse o BIC, que durante esse período de tempo apareceu como o único candidato.

 

Excluída a questão do preço de venda, Teixeira dos Santos considera que a alienação do banco "foi positiva", recordando que a venda era "um objectivo do próprio Governo quando procedeu à nacionalização".

 

"[O Governo] anunciou que, logo que possível, iria proceder à privatização", disse, esclarecendo que a operação só "não foi feita mais cedo devido ao prolongamento da crise e às dificuldades da actividade bancária".

 

"Um banco que esteve muito nas primeiras páginas, que foi objecto de notícia, com uma imprensa muito negativa, com uma marca já muito degradada, não era fácil proceder à sua privatização e, nesse sentido, o facto de ela se ter realizado acho que foi positivo", sintetizou.

 

A 02 de Novembro de 2008, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, Fernando Teixeira dos Santos anunciou que iria propor ao Parlamento a nacionalização do BPN, "tendo em vista assegurar aos depositantes que os seus depósitos estão perfeitamente seguros".

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