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Sonae vende braço segurador à britânica Ardonagh e encaixa 100 milhões

A venda dos 50% do capital da MDS ao maior grupo de corretagem do Reino Unido deverá gerar uma mais-valia de cerca de 74 milhões de euros para a Sonae.

Dias da Fonseca lidera o grupo MDS, que é controlado conjuntamente pela Sonae e a brasileira Suzano.
José Manuel Dias da Fonseca vai continuar na liderança do grupo MDS. DR
23 de Dezembro de 2021 às 18:48
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A Sonae e a brasileira IPLF Holding, que controlam conjuntamente a MDS, firmaram um acordo para a venda de 100% deste grupo de consultoria de riscos e seguros ao The Ardonaugh Group, o maior grupo de corretagem independente do Reino Unido, anunciaram, em comunicado enviado às redações, esta quinta-feira, 23 de dezembro.

 

Já em comunicado publicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o grupo liderado por Cláudia Azevedo revela que "a transação envolve a venda de 50% do capital social do grupo MDS por um encaixe de aproximadamente 100 milhões de euros e deverá gerar uma mais-valia de cerca de 74 milhões para a Sonae".

 

O grupo da Maia afiança que, com esta operação, "não haverá qualquer impacto nas receitas consolidadas nem no EBITDA consolidado da Sonae".

A atual equipa de gestão e liderança do grupo MDS, que é presidido por José Manuel Dias da Fonseca desde 2000, "continuará em plenas funções, dotada de novos recursos e capital, bem como dando continuidade aos planos de crescimento orgânico e inorgânico, os quais se traduzirão em claros benefícios para os seus principais ‘stakeholders’", enfatizam vendedores e comprador do grupo com ADN português.

 

Esta operação, que "demonstra o valor deste ativo desenvolvido de raiz na Sonae, permite à MDS dar um importante passo estratégico na direção que tem vindo a traçar, com vista a reforçar a sua presença nacional e internacional na área dos seguros e consultoria de risco", garantem.

 

O The Ardonagh Group, que emprega cerca de oito mil pessoas nos seus mais de 100 escritórios, integra o top20 mundial no setor de corretagem de seguros, com receitas superiores a 1,5 mil milhões de dólares (mais de 1,3 mil milhões de euros).

 

Será a sua participada Ardonagh Global Partners a ficar como acionista única do grupo MDS, após a conclusão da operação anunciada - a qual está dependente das habituais autorizações regulatórias -, prevendo-se que isso possa ocorrer "durante o primeiro semestre de 2022".

Sonae: "Uma transação atrativa que potencia a criação de valor acionista"

 

"Após uma longa e bem-sucedida parceria, a Sonae e a IPLF Holding acordaram os termos desta transação com o The Ardonagh Group, o que permitirá ao grupo MDS e à sua experiente equipa de gestão acelerar ainda mais o seu plano de crescimento e presença geográfica através da parceria com um corretor de seguros líder na Europa, com um forte historial e experiência no setor", considera fonte oficial da Sonae.

 

"Esta operação enquadra-se plenamente na estratégia de gestão ativa de portefólio da Sonae, dado tratar-se de uma transação atrativa que potencia a criação de valor acionista", afiança o mesmo responsável do grupo maiato.

Para José Manuel Dias da Fonseca, esta operação representa uma oportunidade extraordinária: "Após considerar todas as alternativas, identificámos na Ardonagh e na sua equipa de liderança um alinhamento perfeito com a nossa visão e ambição de crescimento. Não podia estar mais entusiasmado com a possibilidade de nos unirmos a um grupo independente com a cultura e com a escala global da Ardonagh. Com o acesso aos recursos e ao capital deste nosso novo acionista acreditamos que vamos poder acelerar os planos de crescimento orgânico e inorgânico do grupo MDS", enfatiza o CEO da companhia.

 

Já Des O’Connor, CEO da Ardonagh Global Partners, depois de elogiar "José Manuel e toda a sua equipa", que "desenvolveram uma elevada reputação à escala global no que respeita ao serviço ao cliente, inovação e profissionalismo, entregando um extraordinário serviço aos seus clientes há mais de 30 anos", garante que "o grupo MDS vai continuar a acompanhar o crescimento dos mercados onde atua, nomeadamente em Portugal, Espanha, Brasil e África". 

 

"O grupo MDS está extraordinariamente bem posicionado para continuar a apoiar os seus clientes na gestão de risco num mundo em constante mudança e, ao mesmo tempo, trazer para o grupo outros ‘brokers’, que partilhem deste alinhamento estratégico e cultural", adianta O’Connor.

A Sonae e a IPLF Holding foram assessoradas pelo Bank of America como consultor financeiro, pela sociedade de advogados Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados, SP, RL e pela EY nos trabalhos de "due diligence" financeira e fiscal.

Segurar o mundo a partir do Porto

 

Em 1984, a Sonae criava a MDS - Sociedade Mediadora de Seguros, corretora cativa para a gestão dos seus seguros internos. Mas foi só na viragem de século que o "braço" segurador da Sonae se vira para o mercado e começa a internacionalizar-se. Viria então a investir, em menos de uma década, cerca de 70 milhões de euros em aquisições.

 

O grande salto em frente aconteceu logo em 2002, com a compra de 45% da Lazam, o então terceiro maior "broker" brasileiro e um dos principais da América Latina. Sete anos depois, a Suzano (da IPLF Holding) compra 49,9% da MDS, SGPS - a Sonae recebe 47 milhões de euros em "cash" e a MDS fica com 100% da Lazam.

 

A empresa liderada por José Manuel Dias da Fonseca tinha entretanto adquirido 32,12% da gigante mundial britânica Cooper Gay Swett & Crawford por 35 milhões de euros - foi a maior operação de uma empresa portuguesa do setor dos seguros no estrangeiro. Já em 2013, a Sonae encaixa 12 milhões de euros com a venda parcial da sua participação, reduzindo a sua posição no até então maior "broker" independente do mundo para 9,72%.

 

Antes, em 2005, a MDS chegava à liderança do setor em Portugal após comprar ao grupo Amorim a Unibroker e a Becim.

 

No ano anterior, tinha fundado no Porto a Brokerslink, que começou por ser uma rede informal de quatro corretoras independentes e que viria a torna-se uma das maiores organizações globais de corretores e serviços de consultoria de risco, estando presente em mais de 120 países e integra cerca de 21 mil profissionais.

 

Em 2007, a MDS transforma-se definitivamente num grupo luso-brasileiro, com a Suzano a chegar aos 50%, passando o controlo do grupo segurador a ser dividido com a Sonae.

 

Sem nunca levantar o pé do acelerador em termos aquisitivos, este ano a MDS já soma três compras - duas no Brasil (a QHConsult e a Tovese) e uma em Angola (Média Mais).

 

Líder de mercado em Portugal e um dos maiores "players" no Brasil e Angola, a MDS está ainda diretamente presente em Moçambique, Espanha, Malta e Suíça.

 

O grupo MDS atua também na área de gestão de benefícios e benefícios flexíveis, através das empresas 838 Soluções e Ben’s (Brasil) e Flexben (Portugal).

 

Em resultado de um significativo crescimento orgânico, acrescido de uma política agressiva de aquisições, quer em Portugal quer no exterior, a MDS conquistou um lugar no top mundial das corretoras de seguros, sendo o único grupo português e ibérico entre as 250 maiores empresas de corretagem de seguros do mundo, de acordo com o ranking recente publicado pela consultora internacional Insuramore.

 

A MDS ocupa a 141.ª posição no ranking mundial referente a 2020, com uma receita estimada em 79,4 milhões de dólares (70,4 milhões de euros), refletindo o desempenho nos vários mercados onde está presente a nível global.

Segundo o comunicado desta quinta-feira da Sonae, o grupo MDS "registou um volume de negócios de 75 milhões de euros nos 12 meses até junho de 2021, gerindo mais de 500 milhões de euros em prémios de seguros".

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