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Santos Ferreira recusa ter ido para o BCP em 2007 ajudado por financiamentos da CGD

O financiamento a acções, em que estes títulos são as garantias associadas, "não era um exclusivo do banco público", assegurou o presidente executivo da CGD entre 2005 e 2007.

Bruno Simão/Negócios
19 de Janeiro de 2017 às 20:08
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Carlos Santos Ferreira foi presidente da Caixa Geral de Depósitos entre Agosto de 2005 e Dezembro de 2007. Foi depois para a liderança do Banco Comercial Português, após a guerra accionista que teve lugar no banco privado. Mas o gestor recusa que os financiamentos concedidos pelo banco público para a aquisição de acções do BCP durante essa guerra tenham ajudado à sua nomeação no BCP. 

 

Segundo relatou na comissão de inquérito à CGD, esta quinta-feira 19 de Janeiro, a assembleia-geral de 15 de Janeiro de 2008 do BCP, altura em que estava já fora da CGD, contou com a presença de 71,2% do capital. A quase totalidade votou a eleição da sua lista, que contava com Armando Vara e Paulo Macedo como vice-presidentes, juntamente com Luís Pereira Coutinho, Nelson Machado e José João Guilherme.

 

"A lista que encabeçava teve 97,7% dos votos presentes e a outra lista [presidida por Miguel Cadilhe] teve 2,1% dos votos presentes", declarou. O BPI, a seguradora Eureko, a Teixeira Duarte, Joe Berardo, a Sonangol, o Sabadell, a EDP e o UBS eram os principais accionistas. A CGD tinha directamente 2,2% do BCP e tinha 7,8% de acções do banco que estavam cativas por financiamentos concedidos mas cujas acções estavam penhoradas por falta de pagamento.

 

"O que quero dizer com isto é que não foram, de certeza, nem as acções detidas em carteira pela CGD nem os financiamentos que fizeram, com certeza, a diferença entre os 97% e os 2% dos votos", concluiu Carlos Santos Ferreira aos deputados.

 

O líder da Caixa entre 2005 e 2007 admitiu, contudo, que alguns dos accionistas, qualificados ou não, podiam ter acções financiadas pela CGD mas, mesmo assim, mantém a sua certeza. Joe Berardo e Manuel Fino são exemplos desses accionistas, não mencionados por Carlos Santos Ferreira. 

 

"Financiamentos aprovados de acordo com procedimentos"

 

Em relação a esses financiamentos a accionistas do BCP disse não recordar. Santos Ferreira deixou a sua "profunda convicção" de que "todos os financiamentos foram aprovados (…) de acordo com os procedimentos estabelecidos, ou pelo conselho alargado de crédito ou pelo conselho de crédito". Entre 2005 e 2007, o conselho alargado de crédito era presidido por Santos Ferreira e o conselho de crédito pelo seu vice-presidente, Armando Vara.

 

Na sua resposta, o gestor quis deixar claro que o financiamento para a aquisição de acções, com a garantia associada a serem as próprias acções, era legal e continua a sê-lo. "Não era exclusivo do banco público".

 

Segundo as suas palavras, as garantias associadas nunca eram de valores inferiores ao do crédito concedido e, "em todos os casos", "existia a obrigação de, caso o valor da garantia diminuísse, o mutuário tinha de repor o seu valor através de activos aceitáveis pela instituição".

Carlos Santos Ferreira foi convidado para ir para a presidência da CGD em Agosto de 2005 por Teixeira dos Santos, recusando qualquer intervenção directa do então primeiro-ministro José Sócrates. 

 

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