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Ricciardi vai manter-se à frente do BESI
José Maria Ricciardi, presidente do BESI, vai continuar a liderar o banco que foi vendido aos chineses da Haitong, sabe o Negócios.
Os accionistas do Banco Espírito Santo Investimento (BESI) – que foi vendido aos chineses da Haitong por 379 milhões de euros – vão manter José Maria Ricciardi na liderança do banco, apurou o Negócios.
Recorde-se que Ricciardi, que vai ser ouvido esta terça-feira, 9 de Dezembro, às 15h, na comissão parlamentar de inquérito relativa ao ‘caso BES’, foi um dos poucos administradores do BES a quem o Banco de Portugal manteve a idoneidade.
A venda do BESI foi anunciada hoje, 8 de Dezembro, depois de o Novo Banco, liderado por Eduardo Stock da Cunha, ter chegado a acordo com os chineses da Haitong. 379 milhões de euros é o valor de venda, um preço que corresponde ao valor estimado dos activos.
No comunicado à CMVM, o Novo Banco revelou ter celebrado "um contrato de compra e venda da totalidade do capital social do Banco Espírito Santo de Investimento". A cerimónia do acordo contou com a presença de responsáveis do Novo Banco e do BESI, com Stock da Cunha e Ricciardi, bem como responsáveis da Haitong.
O Novo Banco revelou, no mesmo documento, que o valor de venda "corresponde a um múltiplo de aproximadamente 1.0x o ‘estimated net asset value’, com referência a Dezembro 2014". O mesmo é dizer que a unidade de banca de investimento do BESI foi vendida sem desconto. "O impacto estimado desta operação no rácio de capital Common Equity Tier I do Novo Banco é superior a 50 pontos base", adiantou a mesma fonte.
Os últimos indicadores conhecidos, divulgados na semana passada através do balanço que foi feito no âmbito da resolução do BES, revelaram que o Novo Banco tem um rácio de capital de 9,2%, um valor que supera o mínimo estipulado pelas autoridades e que é de 8%. Um valor que revela assim que o banco estará bem capitalizado, não necessitando de mais reforços de capital. Com a venda do BESI, este rácio deverá ser elevado para, pelo menos, 9,7%.
"A concretização da compra e venda do BESI encontra-se dependente das necessárias aprovações, nomeadamente junto do Banco de Portugal, da Comissão Europeia, das autoridades da concorrência e de um conjunto de outras autoridades que exercem supervisão directa sobre a entidade compradora", acrescentou o Novo Banco no comunicado.
A administração do Novo Banco tinha já confirmado na quinta-feira, 4 de Dezembro, que se encontrava "em negociações" com a Haitong para a venda "da totalidade do capital social". A empresa chinesa também emitiu um comunicado na semana passada onde revelava que a concretização do negócio permitiria "reforçar a internacionalização da estratégia empresarial da empresa e alargar a sua cobertura geográfica".
Além da operação portuguesa, o BESI está presente no Brasil, Índia (corretagem), Reino Unido, Irlanda, Polónia, Espanha, Estados Unidos e México, contando com um total de 825 colaboradores.
No primeiro semestre do ano, o BESI registou um lucro de 2,5 milhões, o que corresponde a um aumento de 21,5% em termos homólogos.
Já tinha sido defendido, quer pelo vice-governador do Banco de Portugal quer pelo presidente do Novo Banco, que a casa-mãe não seria vendida "aos bocados", mas haveria espaço para que o BESI pudesse ser alienado isoladamente, pela dimensão e por não ter uma actividade concorrente à do Novo Banco.
Muito já se tinha escrito sobre a intenção de venda do BESI. Foram várias as notícias que revelaram nos últimos meses que Ricciardi estaria a desenvolver contactos com vista a encontrar um investidor que comprasse a unidade de banca de investimento.
(notícia actualizada às 21h55)