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Ricardo Salgado critica análises da Moody's à banca portuguesa

O presidente do Banco Espírito Santo (BES) desvalorizou a possibilidade de a banca portuguesa vir a necessitar de mais apoio estatal, avançada pela agência de 'rating' Moody's, apontando para os erros nas análises da entidade no passado recente.

Pedro Elias
17 de Abril de 2013 às 13:46
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"Não consigo perceber as análises da Moody's", afirmou aos jornalistas Ricardo Salgado, à margem de um evento em Lisboa.

 

O banqueiro recordou que, no final de 2010, houve "um massacre aos 'ratings' [avaliações] do país e dos bancos portugueses" por parte das agências de notação financeira, que na altura antecipavam que a banca nacional só conseguiria voltar ao mercado da dívida no final de 2013 ou no início de 2014.

 

"O BES voltou ao mercado em Novembro de 2012" e repetiu a dose no início de 2013, enquanto o Estado português também conseguiu emitir dívida ainda em 2012, tal como o banco público, a Caixa Geral de Depósitos (CGD).

 

"Portanto, aquilo que a Moody's disse, naquela altura, não se confirmou", salientou Salgado.

 

E reforçou: "Há muitas análises que vêm das agências de 'rating' que carecem de ser confirmadas e não nos podemos esquecer que as agências de 'rating' já se enganaram muitas vezes no passado".

 

Há uma semana, a principal analista de banca da Moody's, Pepa Mori, disse à agência Lusa que o Estado português poderá ter de injectar mais dinheiro na banca, antecipando que o sistema financeiro necessitará de voltar a reforçar capital.

 

 "Pensamos que alguns bancos estão em risco de pedir mais capital (...) Há bancos que podem precisar de requerer mais capital se as perdas se materializarem e isso já está reflectido nos seus 'ratings'", afirmou a analista à margem de uma conferência com investidores, em Lisboa.

 

A responsável disse que, segundo as contas da Moody's, os bancos vão precisar de "oito mil milhões de euros" para colmatar novas necessidades de capital, isto num cenário mais conservador que a agência já tinha, mas que com a deterioração do ambiente macroeconómico passou a ser o cenário base com que trabalham nesta altura.

 

O resgate financeiro de 78 mil milhões de euros, acordado em maio de 2011 com a 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), incluiu 12 mil milhões de euros destinados à banca, com vista ao cumprimento das metas de capital exigidas pelos reguladores.

 

A esta linha, o Estado foi buscar o ano passado 3.000 milhões de euros para conceder ao BCP num empréstimo obrigacionista e 1.500 milhões de euros ao BPI (dos quais já reembolsou 500 milhões).

 

Já este ano, foram injectados 1.100 milhões de euros no Banif, dos quais 700 milhões de euros foram usados na compra de acções, pelo que o Estado é agora (e pelo menos até Junho) dono de 99,2% das acções do banco e de 98,7% dos direitos de voto.

 

Também na Caixa Geral de Depósitos o Estado injectou 1.650 milhões de euros, mas enquanto seu único accionista, pelo que este capital não saiu da linha disponibilizada pelos credores externos.

 

Questionada sobre que bancos poderão ter de recorrer a esta linha, a responsável disse que entre esses estarão "sobretudo os que já foram capitalizados" com dinheiros públicos, mas sublinhou que isso "não significa necessariamente que todos os bancos que receberam capital do Estado vão precisar de mais".

 

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