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Ricardo Salgado vai a julgamento "nos exatos termos da acusação"

São imputados 65 crimes ao antigo presidente do Banco Espírito Santo.

À data dos factos, Ricardo Salgado liderava os destinos do Banco Espírito Santo.
Paulo Cunha/Lusa
31 de Julho de 2023 às 15:24
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O antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES) vai a julgamento "nos exatos termos da acusação", afirmou nesta segunda-feira o juiz Pedro Santos Correia, que fez uma leitura muito resumida da decisão instrutória na qual não fundamentou as decisões do tribunal.

Pedro Santos Correia também validou a quase totalidade dos crimes imputados aos restantes arguidos. 

A defesa de Ricardo Salgado pediu ao juiz a definição de um prazo para arguir nulidades do despacho de instrução.

A leitura da decisão instrutória do processo "Universo Espírito Santo" chegou a ser suspensa, devido a uma ausência de notificação de um dos arguidos.

Assim que o juiz iniciou a sessão, o advogado do arguido Alexandre Cadosch anunciou que o seu cliente não tinha sido notificado, o que levou à interrupção imediata da sessão.

O magistrado ausentou-se da sala durante cerca de meia hora para analisar a argumentação mas resolveu prosseguir a sessão, durante a qual anunciou que Salgado vai mesmo a julgamento.

O debate instrutório do processo "Universo Espírito Santo" decorreu em maio no tribunal de Monsanto, em Lisboa.

A investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) resultou na acusação a 25 arguidos (18 pessoas e sete empresas), entre os quais o antigo presidente do Grupo Espírito Santo (GES), Ricardo Salgado – ausente da sessão - a quem são imputados 65 crimes, incluindo associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada, branqueamento, infidelidade e manipulação de mercado.

O processo é considerado um dos maiores da história da justiça portuguesa e agrega 242 inquéritos e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas.

O Ministério Público, cuja acusação contabiliza cerca de quatro mil páginas calcula que a queda do Grupo Espírito Santo, em 2014, terá provocado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

"O que se leu aqui foi para cumprir calendário"

No final da sessão, o advogado de Ricardo Salgado confessou que não ficou surpreso com o que ouviu da boca do juiz Pedro Santos Correia e acusou o tribunal de estar a "cumprir calendário" para "ficar bem na fotografia".

Em declarações aos jornalistas, Francisco Proença de Carvalho afirmou que "todos na sala percebemos que se tratou de cumprimento de calendário", desabafando que "quando uma decisão tão é previsível, algo vai mal na justiça, que não está a fazer o seu papel de árbitro".

"Não tivemos leitura de coisa nenhuma, não conhecemos a decisão", acusou, referindo-se à leitura abreviada da decisão de instrução feita pelo juiz, que não fundamentou as conclusões do tribunal.

"O que se leu aqui confirma a ideia de que foi para cumprir calendário e dizer que a justiça é fantástica e funciona muito bem".

A sessão foi marcada pela presença de dezenas de lesados do BES e por acusações lançadas por alguns deles contra Salgado e também de alguns insultos dirigidos aos advogados que o defendem. Proença de Carvalho não valorizou esses assuntos, preferindo afirmar que "esta defesa nunca se fez contra os lesados". "Para nós os lesados do BES são lesados do Estado", enfatizou.
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